Mapa aprova mudanças no regulamento do Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas (SRGRZ)
Foi exatamente essa última condição que levou o Conselho Deliberativo Técnico a discutir a ocorrência da chamada bolsa testicular bipartida nas raças zebuínas, quando a bolsa escrotal apresenta uma condição morfológica com marcada divisão entre os testículos, podendo sugerir quase uma bifurcação na altura do epidídimo. Talvez pelo fato de ser uma característica com uma frequência extremamente baixa em todas as raças zebuínas, essa condição não estava descrita ou sequer mencionada nos padrões das raças.
Por esta razão, o CDT, em sua reunião de 2 de julho de 2024, discutiu como esta característica deveria ser tratada no padrão das raças zebuínas, tendo em vista a concessão do registro genealógico. A proposta, que foi apresentada inicialmente pela ACGB (Associação dos Criadores de Guzerá e Guzolando do Brasil), indicava que a característica deveria ser considerada desclassificante, fundamentada apenas na morfologia da bolsa escrotal com essa condição.
Contudo, o tema se revelou mais denso e complexo do que se imaginava. As opiniões entre os membros do conselho ficaram divididas entre tornar a característica um fator desclassificante, e considerações de que tal morfologia poderia favorecer a termorregulação da bolsa escrotal, melhorando a espermatogênese.
Considerando a real complexidade do tema e a ausência de elementos técnicos de convicção, naturalmente e como esperado, o conselho técnico concluiu pela realização de uma consulta com especialistas na área de forma a se obter subsídios científicos para fundamentar uma decisão, o que de fato ocorreu.
Neste sentido, foram consultados quatro especialistas, bem como a Associação Brasileira de Andrologia Animal (ABRAA), entidade que congrega os Médicos Veterinários militantes na andrologia animal (em todas as espécies), visando o aperfeiçoamento técnico da andrologia animal.
Os pareceres com conteúdo de alto nível científico foram convergentes e, dessa forma, a partir das abordagens e recomendações dos especialistas e da ABRAA, foi aprovada pelo CDT e, imediatamente após, pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a seguinte redação para o item “Bolsa escrotal e testículos” dos padrões de todas as raças zebuínas, que passam a vigorar somente após a data de sua aprovação:
Ideal: Bolsa testicular constituída por pele fina, flexível e bem pigmentada; contendo dois testículos simétricos, de desenvolvimento normal, com posicionamento inguinal entre os membros pélvicos, conformação compatível com a espécie, corpo dos epidídimos posicionados medialmente, sem rotação ou septo divisório na cauda do epidídimo.
Permissível: Ligeira assimetria de volume testicular limitada a até 10% entre testículos. Rotação testicular até 45°. Em caso de bolsa testicular bipartida, esta será aceita se a bipartição escrotal não ultrapassar a cauda do epidídimo, apresentar posição anatômica correta e mediante a apresentação de exame andrológico positivo.
Desclassificante: Criptorquidismo. Monorquidismo. Hipoplasia ou hiperplasia unilateral ou bilateral. Rotação testicular marcante (acima de 45°). Assimetria de volume testicular acima de 10% entre testículos. Testículos ou epidídimos acessórios posicionados em região inguinal caudo-dorsal (dirigindo-se à região anal). Epidídimo solto ou posicionado lateralmente. Bolsa testicular bipartida posicionada acima da cauda do epidídimo. Testículos posicionados na região inguinal alta próximo à região anal. Torções penianas, pênis bífido, glande acessória, persistência do frênulo, fimose.
O regulamento completo do SRGRZ está disponível no site da ABCZ. Clique aqui para acessar.