ABCZ na África: Brazilian Cattle realiza missão em Angola e África do Sul
Uma missão do Brazilian Cattle, projeto setorial desenvolvido pela ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), levou 13 empresas e representantes da maior associação da pecuária zebuína do mundo para Angola e África do Sul, no intuito de trabalhar os mercados internacionais para a disseminação do Zebu brasileiro no continente.
A missão foi dividida em duas etapas. A primeira, promovida na África do Sul, visando à possível abertura de mercado para bovinos vivos e material genético, foi focada em conhecer as tecnologias de produção pecuária por meio da visita a fazendas, confinamentos, cooperativas de produtos agropecuários, laboratórios de produtos veterinários e vacinas e centros de pesquisa, além da criação de contatos comerciais.
Já a segunda etapa foi em Angola, onde o mercado já está aberto para animais vivos e material genético brasileiros. A comitiva brasileira conheceu os biomas e níveis de tecnificação, viajando pelas principais províncias de produção agropecuária, participando de um dia de campo e visitando as principais propriedades.
As duas etapas também incluíram workshops de discussões técnicas e apresentação das empresas, seguidos por rodadas de negócios.
Para a Supervisora de Relações Internacionais da ABCZ, Raquel Dal Secco Borges, a missão rendeu inúmeros aprendizados valiosos para todos os países, empresas e organizações envolvidos.
“Existem muitas oportunidades para a introdução da genética zebuína nos dois países, seja genética pura ou para cruzamentos com raças locais. Os biomas dos dois países têm grandes semelhanças com os nossos, já que estamos na faixa tropical do planeta. Há, no entanto, diferenças no nível de tecnificação e o Brasil poderá contribuir significativamente para a melhoria da produção pecuária nas duas regiões”, avalia.
Além da ABCZ, 13 empresas ligadas ao Brazilian Cattle participaram das viagens: as fazendas Brahman Braúnas, Guzerá da Juzz e W2R; as empresas Agrosol, Papini e Soesp, do setor de sementes para pastagem; a Ouro Fino, do segmento de produtos veterinários; a CSJ (equipamentos para fábrica de ração) e a Beckhauser (troncos e balanças); a Agroexport, através da subsidiária Brasáfrica, representando o setor de trading, e as centrais de genética Genex, Zebuembryo e Alta Genetics.
Os adidos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Muller e José Guilherme Leal, que atuam na África do Sul e Angola, respectivamente, também estiveram presentes, assim como o gestor da ApexBrasil, Anderson Dib.
Resultados
Ainda de acordo com Raquel, o contato direto com produtores e especialistas de diversos setores ligados às cadeias produtivas da carne e do leite nos dois países africanos foi de extrema importância para se obter uma compreensão detalhada dos cenários que caracterizam as duas regiões e as suas diferenças em relação à realidade brasileira, facilitando a adaptação e definição de estratégias no intuito de promover a pecuária zebuína e o comércio com o nosso país.
“Na África do Sul, predominam os confinamentos e a distribuição de produtos agropecuários concentra-se nas grandes cooperativas, que possuem suas cadeias de lojas. Já existe uma pequena presença da raça Brahman no país, mas, em relação à introdução das demais raças, o primeiro passo seria a abertura do protocolo sanitário. Além disso, o país ainda sofre com surtos de febre aftosa e crises de escassez de água, devido ao clima seco”, explica Raquel.
“Por outro lado, em Angola, a produção pecuária está concentrada em grandes propriedades e existe uma tendência à verticalização da atividade. Essas grandes fazendas produzem o alimento para o gado, fazem o silo, fabricam a ração, abastecem o confinamento, terminam o rebanho, realizam o abate e comercializam a carne. Da mesma forma, as vacas leiteiras são criadas em estábulos, e as fazendas produzem o leite e o queijo, que são beneficiados nos próprios criatórios. No entanto, existem muitos brasileiros no país, e as raças zebuínas têm maior aceitação por lá”, resume.
Os participantes da missão concluíram que o Brasil tem muito a contribuir com os dois países, estabelecendo um importante precedente para outros potenciais projetos. “Podemos contribuir com muita genética, know-how em termos de questões sanitárias, tecnificação e produtos e serviços para a otimização da atividade, como sementes, equipamentos, treinamentos e gestão”, aponta Raquel.
Próximos passos
Concluída a missão, o Brazilian Cattle organiza, agora, o estreitamento de relações com os dois países, dando continuidade ao projeto.
“Estamos fomentando uma missão da África do Sul ao Brasil para que conheçam a pecuária nacional. A ideia é conquistar a abertura desse mercado, já que conseguimos sensibilizar as autoridades daquele país sobre a importância deste comércio bilateral. No caso de Angola, planejamos a vinda de formadores de opinião do país para a 17ª ExpoGenética, com a possível interação entre os jornalistas angolanos e brasileiros”, revela a supervisora.
Por fim, a ApexBrasil já agendou novas missões em Moçambique, Namíbia, Botsuana e Tanzânia, nos próximos meses – os integrantes do Brazilian Cattle estudam, agora, a possibilidade de participação dessas viagens, ampliando o escopo da disseminação internacional do Zebu.