Criadores de Gir são destaque no maior concurso de queijos do mundo
Sucesso entre os quase 50 países participantes, o Brasil foi o segundo mais premiado no Mondial du Fromage et des Produits Laitiers de Tours – concurso mundial de queijos que aconteceu na França, entre os dias 12 e 14 de setembro. E ficamos atrás apenas do país sede! O evento é voltado para profissionais da cadeia láctea de todo o mundo, mas quem se destacou mesmo foram os produtores de leite de Zebu.
De uma das principais regiões queijeiras do país, a cidade de Araxá, no Alto Paranaíba mineiro, o criador Marcos Paulo Quirino entrega o que ele acredita ser o motivo. “O leite de Gir deixa o queijo mais saboroso e mais aromático! O queijo tem um aroma fantástico e é proveniente do Gir”.
O criador é associado da ABCZ e, por mais de oito anos, participou do controle leiteiro do PMGZ Leite Max – programa da Associação que prioriza o incremento de informações das raças zebuínas leiteiras e seus cruzamentos, dando acesso a dados como: Relatório Individual de Lactação (RIL), desempenho de Gado de Leite e Relatórios dos Últimos Controles e estimativas de PTAs (Habilidade Provável de Transmissão) de touros, matrizes e produtos jovens. Atualmente, mais de 1500 produtores de leite brasileiros fazem o controle junto à ABCZ. No caso de Quirino - que saiu do concurso com duas medalhas de prata – a participação no programa foi fundamental. “O leite de Gir é único no mundo e tem mais teor de gordura, o que nos proporciona todo o diferencial do queijo”, completa.
Ao todo, concorreram 940 queijos de 46 países e o Brasil, sozinho, levou quase 20% de toda a premiação: foram 331 medalhas concedidas no total e nosso país levou cinco Super Ouro, as mais cobiçadas. Foram ainda onze de ouro, 24 de prata e 17 de bronze. Participaram queijeiros de Minas Gerais, São Paulo, Pará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Pará, da Ilha de Marajó.
Minas Gerais seguiu na liderança com 40 medalhas. “As premiações são, boa parte em Minas, mas tem produtores espalhados pelo Brasil. Isso mostra o potencial do país de produzir queijos de altíssima qualidade e, vale dizer, queijos de altíssima qualidade só podem ser feitos com animais campo, soltos, a pasto”, crava o criador Bento Mineiro, diretor Executivo da ABCZ. Ele cria Gir no município de Pardinho e ganhou duas pratas. “Eu acho que isso é a maior constatação do festival é a de que o Brasil é capaz de fazer queijos de alta qualidade por causa do ambiente, por causa de todos os fatores que influenciam na maturação, mas objetivamente, o grande ator dessa história é o Zebu”, completa.
“É como uma Copa do Mundo. Participar já é muito importante e ganhar lá foi surreal!”, vibra a também criadora de Gir, Camila Almeida, da cidade de Caçapava, interior de São Paulo. A comemoração dela é mais que justificada: foram duas medalhas de Ouro e uma de Bronze e Camila, que também é a mestre queijeira do criatório, ainda levou mais de Prata por seu trabalho de maturadora. Ela toca junto ao marido, o criador Eduardo Falcão, uma seleção de Gir que vai completar 60 anos em 2022. “Nosso manejo é com animal criado a pasto e ordenha mecanizada com bezerro ao pé. Além disso, não usamos nenhum tipo de hormônio e fomos a primeira fazenda da América Latina com certificação para leite A2A2 e Bem Estar Animal”, pontua Camila, que também é participante do PMGZ Leite Max. “O programa permite avaliar o animal e sua genética e, hoje, é impossível trabalhar com qualidade de leite e melhoramento sem que tenhamos este controle. Não teríamos como saber se uma vaca tem mais proteína que outra ou se dá mais gordura que outra”, conclui.
A Guilde Internationale des Fromagers, organizadora do concurso, reúne mais de nove mil pessoas do mundo todo. O sucesso dos zebuzeiros brasileiros foi comemorado por toda classe.
“É motivo de muito orgulho vermos o trabalho de nossos associados reconhecido internacionalmente. Essas premiações são merecidíssimas. E, em nome deles, nosso reconhecimento a toda cadeia produtiva que se dedica - dia e noite - com investimentos em manejo e genética para levar qualidade à mesa da população”, encerra o presidente da ABCZ, Rivaldo Machado Borges Júnior.