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22 DE SETEMBRO DE 2021. POR KELLE OLIVEIRA

Criadores de Gir são destaque no maior concurso de queijos do mundo

Criadores de Gir são destaque no maior concurso de queijos do mundo

Sucesso entre os quase 50 países participantes, o Brasil foi o segundo mais premiado no Mondial du Fromage et des Produits Laitiers de Tours – concurso mundial de queijos que aconteceu na França, entre os dias 12 e 14 de setembro. E ficamos atrás apenas do país sede! O evento é voltado para profissionais da cadeia láctea de todo o mundo, mas quem se destacou mesmo foram os produtores de leite de Zebu.

De uma das principais regiões queijeiras do país, a cidade de Araxá, no Alto Paranaíba mineiro, o criador Marcos Paulo Quirino entrega o que ele acredita ser o motivo. “O leite de Gir deixa o queijo mais saboroso e mais aromático! O queijo tem um aroma fantástico e é proveniente do Gir”.

O criador é associado da ABCZ e, por mais de oito anos, participou do controle leiteiro do PMGZ Leite Max – programa da Associação que prioriza o incremento de informações das raças zebuínas leiteiras e seus cruzamentos, dando acesso a dados como: Relatório Individual de Lactação (RIL), desempenho de Gado de Leite e Relatórios dos Últimos Controles e estimativas de PTAs (Habilidade Provável de Transmissão) de touros, matrizes e produtos jovens. Atualmente, mais de 1500 produtores de leite brasileiros fazem o controle junto à ABCZ. No caso de Quirino - que saiu do concurso com duas medalhas de prata – a participação no programa foi fundamental. “O leite de Gir é único no mundo e tem mais teor de gordura, o que nos proporciona todo o diferencial do queijo”, completa.

Ao todo, concorreram 940 queijos de 46 países e o Brasil, sozinho, levou quase 20% de toda a premiação: foram 331 medalhas concedidas no total e nosso país levou cinco Super Ouro, as mais cobiçadas. Foram ainda onze de ouro, 24 de prata e 17 de bronze. Participaram queijeiros de Minas Gerais, São Paulo, Pará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Pará, da Ilha de Marajó.

Minas Gerais seguiu na liderança com 40 medalhas. “As premiações são, boa parte em Minas, mas tem produtores espalhados pelo Brasil. Isso mostra o potencial do país de produzir queijos de altíssima qualidade e, vale dizer, queijos de altíssima qualidade só podem ser feitos com animais campo, soltos, a pasto”, crava o criador Bento Mineiro, diretor Executivo da ABCZ. Ele cria Gir no município de Pardinho e ganhou duas pratas. “Eu acho que isso é a maior constatação do festival é a de que o Brasil é capaz de fazer queijos de alta qualidade por causa do ambiente, por causa de todos os fatores que influenciam na maturação, mas objetivamente, o grande ator dessa história é o Zebu”, completa.

“É como uma Copa do Mundo. Participar já é muito importante e ganhar lá foi surreal!”, vibra a também criadora de Gir, Camila Almeida, da cidade de Caçapava, interior de São Paulo. A comemoração dela é mais que justificada: foram duas medalhas de Ouro e uma de Bronze e Camila, que também é a mestre queijeira do criatório, ainda levou mais de Prata por seu trabalho de maturadora. Ela toca junto ao marido, o criador Eduardo Falcão, uma seleção de Gir que vai completar 60 anos em 2022. “Nosso manejo é com animal criado a pasto e ordenha mecanizada com bezerro ao pé. Além disso, não usamos nenhum tipo de hormônio e fomos a primeira fazenda da América Latina com certificação para leite A2A2 e Bem Estar Animal”, pontua Camila, que também é participante do PMGZ Leite Max. “O programa permite avaliar o animal e sua genética e, hoje, é impossível trabalhar com qualidade de leite e melhoramento sem que tenhamos este controle. Não teríamos como saber se uma vaca tem mais proteína que outra ou se dá mais gordura que outra”, conclui.

A Guilde Internationale des Fromagers, organizadora do concurso, reúne mais de nove mil pessoas do mundo todo. O sucesso dos zebuzeiros brasileiros foi comemorado por toda classe.

“É motivo de muito orgulho vermos o trabalho de nossos associados reconhecido internacionalmente. Essas premiações são merecidíssimas. E, em nome deles, nosso reconhecimento a toda cadeia produtiva que se dedica - dia e noite - com investimentos em manejo e genética para levar qualidade à mesa da população”, encerra o presidente da ABCZ, Rivaldo Machado Borges Júnior.

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