ABCZ e parceiros criam projeto para estimular ILPF entre pequenos e médios produtores
Proposta é utilizar o Plano ABC como forma de financiar a tecnologia no campo
Na manhã desta quarta-feira (14), a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) sediou um encontro entre diversas entidades relacionadas ao setor agropecuário. O objetivo foi o início de um projeto de incentivo à implementação da integração lavoura-pecuária em pequenos e médios propriedades.
Participaram da reunião representantes de órgãos como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), Banco do Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Sindicato Rural de Uberaba (SRU), entre outros.
A ideia do encontro é promover a discussão entre as entidades para viabilizar o acesso dos pequenos e médios pecuaristas ao Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), promovido pelo governo federal, que oferece linhas de crédito especiais para os pecuaristas, no intuito de implantar novas tecnologias que contribuem não só para o desenvolvimento das propriedades, como também para a preservação do meio ambiente e a movimentação do mercado nacional.
Por meio das linhas de crédito, os pecuaristas têm acesso a projetos tecnológicos relacionados à produção própria de pastagens para alimentação do gado e/ou para comercialização, representando uma economia importante para as propriedades e impulsionando a produtividade no decorrer do ano, independentemente das condições climáticas.
O diretor da ABCZ, Rivaldo Machado Borges Júnior, afirma que o com a reunião ficou oficializado o início do projeto, que ganhará nome e novas diretrizes nos próximos dias. “Estamos atingindo um objetivo. Afinal, a ABCZ preocupa-se, não só em levar a genética zebuína até o produtor, mas também em levar tecnologias e outras ferramentas que garantam produtividade e lucro. Não adianta o pecuarista obter a genética, se ele não dispõe de outros elementos para utilizá-la da melhor forma. É aí que entra o melhoramento das pastagens e a integração lavoura-pecuária”, explica Rivaldo.
O presidente da Embrapa, Sebastião Barbosa, destaca a importância de se desencadear o projeto em benefício dos pequenos e médios produtores. “O pecuarista precisa de pastagens de boa qualidade e, para isso, é necessário um manejo especializado e adubação, o que representa uma despesa notável. O que se verifica é que os grandes produtores estão aderindo ao Plano ABC, mas isso não está acontecendo com os pequenos e médios criadores”, esclarece.
“Estamos reunindo diversos elos da cadeia do setor, com a ABCZ atuando como protagonista, porque é a associação que faz a ligação entre esses órgãos e os clientes finais, independentemente do tamanho. A tecnologia no campo vai aumentar a produção de leite e carne, promover o faturamento e a qualidade de vida do produtor, e ainda tem benefícios ambientais, como o sequestro de carbono, que facilita, também, a participação desses clientes no mercado internacional”, acrescenta Sebastião.
Com as pastagens de qualidade superior, possibilita-se que o produtor disponha de pasto mesmo nos períodos de seca; além disso, a fazenda pode produzir grãos durante o verão. O aumento da qualidade da alimentação do rebanho significa que os animais se desenvolvem de forma mais rápida: as fêmeas entram em idade fértil mais cedo, permitindo a criação de um maior número de bezerros. No caso da pecuária de corte, o boi pode ser abatido mais jovem, o que contribui para uma carne de maior qualidade.
De acordo com o auditor fiscal do Ministério da Agricultura e engenheiro agrônomo Elvison Nunes Ramos, diversas propostas foram apresentadas e discutidas no decorrer do encontro, e o projeto tomará forma conforme outras reuniões forem desenvolvidas.
“Precisamos mostrar para a sociedade os benefícios desse projeto. Trata-se de melhorar a renda, a qualidade de vida, a preservação o ambiente. É preciso sensibilizar o produtor e os técnicos que serão responsáveis pela idealização e instalação dos projetos tecnológicos, e é a ABCZ que tem a capilaridade para alcançar esse público. Nesta primeira fase, o objetivo é apresentar soluções para obstáculos nessa implementação, relativos ao acesso às linhas de crédito e questões ambientais”, destaca.
Nesta primeira etapa, o projeto será implantado no Triângulo Mineiro. Com o tempo, a ideia é que ele se expanda para atender a todo o Estado de Minas Gerais e, em seguida, todo o território nacional.