Zebu será destaque no Carnaval do Rio de Janeiro
A Mocidade Independente de Padre Miguel buscará o bicampeonato com enredo que trata sobre a relação entre Brasil e Índia.
A importância do gado Zebu para o desenvolvimento da economia brasileira será um dos destaques do carnaval carioca de 2018. A escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, atual campeã da festa no Rio de Janeiro, vai para a Sapucaí com enredo que trata sobre as relações culturais e econômicas entre Brasil e Índia.
“Há dois anos estamos trabalhando nesse projeto. É um enredo muito interessante, pois a história é muita rica. Até porque nossa relação com a Índia começa desde o descobrimento do Brasil, quando os portugueses chegaram aqui, querendo, na verdade, aportar naquele país. E quando se fala nessa relação, o Zebu tem um destaque muito grande. O maior deles, na verdade”, ressalta Marcelo Roza, diretor executivo da Multiplicar Produções, empresa responsável pela pesquisa e desenvolvimento do enredo para a Mocidade.
Parte da pesquisa foi feita durante a 83ª ExpoZebu, quando Roza esteve em Uberaba para conhecer um pouco mais sobre a cadeia produtiva das raças zebuínas. “Ficou bastante claro a importância que a pecuária tem para a economia brasileira. Por isso vamos prestar essa homenagem a cultura zebuína”, diz.
O anúncio oficial do enredo: “Namastê – A estrela que habita em mim saúda a que existe em você”, foi feito esse mês durante a tradicional feijoada da agremiação. O zootecnista e artista multimídia, José Otávio Lemos, participou do evento e integra a comissão que comandará o desfile.
Lemos revela que livros escritos por ele servirão como base para o enredo, e descreve a escolha do tema como um grande reconhecimento da importância da pecuária zebuína. “Sem dúvida, um grande trabalho para a valorização de tudo que Uberaba fez para a agropecuária do Brasil e do mundo. Muitas vezes as pessoas, até uberabenses mesmos, não conhecem que grande parte do PIB brasileiro só existe pelo melhoramento genético que foi feito pelos criadores de Zebu e pela ABCZ. Também são muitos os países que foram fortalecidos economicamente importando animais, sêmen e embriões melhorados por nós”, destaca.
Confira abaixo parte da sinopse do enredo escrito pelo carnavalesco Alexandre Louzada:
“Já esta brincadeira não cessa agora. Prepare o seu coração pro que eu vou contar: bem mais de século faz que, sob o mesmo signo da transação com temperos, o boi Zebu indiano também cá desembarcou, sujeito e predicado, valioso de tudo.
Corcova alta ou cupim, cabeça no lugar, sábio fazedor-pensador da vida, em nosso pedaço se pôs até a filosofar sobre os homens – estes que, coitados, não sabem ouvir “nem o canto do ar, nem os segredos do feno” – incapazes, portanto, de perceberem outros ambientes, que não o da própria razão.
O Zebu, pelo contrário, fez daqui o seu novo mundo, virou brasileirinho, cultura popular, economia vigorosa e até poesia matuta. Quem não sabe do formigueiro que picou o animal preguiçoso que só queria ‘cuchilá’ à sombra do juazeiro? Do rio Ipojuca, mestre Vitalino consagraria o boi que veio da Ásia na arte sertaneja, forjando e cristalizando do barro, com as mãos, a imagem de um torrão do Nordeste que escorreu aos quatro cantos a partir do fuzuê da feira de Caruaru.
Sagrado para quem fica do outro lado do mar, o bicho à brasileira é de Mansinho, de Mamão, Guzerá, Indubrasil, Gir, Nelore, Brahman, Tabapuã, Sindi,Cangaian, Bumba-Meu-Boi, Boi-Bumbá, ah..., e o que mais a imaginação dessa gente puder tratar de misturar. Eis aí o nosso charme. E também destino. Indeléveis.”