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24 DE FEVEREIRO DE 2017. POR LARISSA VIEIRA

Produtor rural não é vilão?

Produtor rural não é vilão?

Por Adriano Garcia

Responsável Técnico pelo escritório da ABCZ em Campo Grande/MS

Há algum tempo, o homem do campo teve orgulho de ser denominado Fazendeiro. Usava boné, camiseta xadrez e até estampava nos carros adesivos com a frase: Fazendeiro mesmo! Atualmente, não vemos mais isso. Sumiu! Graças ao marketing pesado das ONG's e o barulho dos ambientalistas e ecologistas de plantão (financiado por quem?), o homem do campo se sentiu, talvez, envergonhado da denominação Fazendeiro. Então, passou a usar uma denominação mais "suave" aos ouvidos da sociedade:
Produtor Rural.

Qual o problema? Nenhum! Mas, não deixou de ser fazendeiro (aquele que cuida e cultiva sua terra). O próprio homem do campo sentiu-se incomodado com a titulação fazendeiro, pois, os ambientalistas de plantão transformaram essa palavra em coisa ruim, uma pessoa do mau. Pois bem, uma mentira repetida mil vezes, parece ser verdadeira.

É isso? Não! Claro que não! Hoje, vejo o uso, com certa timidez, de adesivos com a frase "Produtor Rural, com orgulho". Ser fazendeiro e/ou produtor rural dá na mesma.Talvez, nossa defesa e a visão de opinião pública esteja equivocada. Isso mesmo! Vejo muita gente falando como se estivessem desabafando: "quem põe comida na sua mesa é o produtor rural".
Na verdade, não é bem assim que funciona. Porque o cidadão urbano não ganha seu alimento e tantos outros produtos do agro de graça. Ele tem que trabalhar para comprar seus alimentos. Isso mesmo, simples assim. Portanto, não colocamos o alimento na mesa do povo. Nós o produzimos!

Este é o milagre da comida nossa de cada dia, este é o papel mais nobre do fazendeiro, e de quebra, além da vocação de produzir, temos a obrigação, como se fosse somente nossa, de preservar o meio ambiente. Sustentabilidade! E se nós, fazendeiros, não produzirmos o alimento, a matéria-prima para as vestimentas e tantos outros produtos, preservando o que temos de mais sagrado, que é a terra e os rios, aí sim, o cidadão não terá o que comer e vestir.

A isto, dar-se-á o nome de VOCAÇÃO. O médico se especializa em salvar vidas. O fazendeiro produz alimentos para todos. O engenheiro faz casas e prédios. O fazendeiro produz alimentos para todos. O mecânico conserta carros. O fazendeiro produz alimentos para todos. O marceneiro constrói móveis. O fazendeiro produz alimentos para todos. A dona de casa cuida da família. O fazendeiro produz alimentos para todos. 

A investida desenfreada e imprudente dos ambientalistas, com interesses obscuros, contra os fazendeiros incomoda, porém, estamos acostumados a lidar com as adversidades, ou não?! Sol, calor, chuva de mais, chuva de menos, seca, frio, pragas, exploração no preço dos insumos, impostos, etc., mas, mesmo assim, o fazendeiro está lá, no campo, produzindo e vai continuar
assim. Produzindo! 

Como podemos mostrar esta vocação divina à sociedade? Da forma mais simples, e que é a mais sagrada do mundo: COMIDA e ROUPA. Se a população for informada e entender que a comida sagrada do nosso dia-a-dia é produzida por um fazendeiro, que a roupa e sapatos que vestem são produzidos por um fazendeiro, tenho certeza que mudaremos a opinião pública, sem estresse.
Afinal, a nossa missão é esta, produzir com sustentabilidade! Depois que a produção passa pela indústria e chega no varejo poderia o industrial ou o varejista colocar nas embalagens, nos outdoors, nas propagandas em geral "Produzido por um fazendeiro!". É verdade que em alguns casos, muito timidamente, já se faz isto. Acho que está na hora de propormos esta simples parceria com a indústria e varejo. A sociedade precisa saber que, nesta história, quem paga mais caro é o cidadão e o fazendeiro. O Agro não é só pop, o Agro não é só Tech, o Agro é muito mais. É amor, é vocação! Em outros países, o fazendeiro é reverenciado! Aqui, somos apedrejados. E infelizmente quem apedreja não sabe o que realmente está fazendo.
 

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