Contribuições sobre a seleção das raças zebuínas de corte provenientes de criadores, técnicos, jurados e pesquisadores de universidades e empresas de pesquisa foram reunidas na tarde desta terça-feira (11/06), durante o 1º Fórum ?Seleção em gado de corte fundamentada em pistas de julgamento?, promovido pela ABCZ, no Tatersal Rubico Carvalho, em Uberaba/MG. O evento foi transmitido ao vivo pelo site da ABCZ para ampliar a discussão de temas extremamente relevantes para o futuro da seleção das raças zebuínas de corte: biótipo ideal, limites para tamanho e peso e como valorizar os dois sistemas de produção: pista e pasto. ?Neste momento, a pecuária seletiva vive duas vertentes claras de seleção: uma apoiada pelas ciências exatas (avaliações genéticas) e outra apoiada pelo visão do homem (avaliação fenotípica). O nosso grande desafio é extrair o que há de melhor destas duas vertentes em busca de uma solução conjunta que auxilie a seleção. Algumas características muito importantes na adaptação dos animais não são passiveis de serem medidas por um instrumento, como a balança. A harmonia, por exemplo, é um reflexo da capacidade de sobrevivência do animal. Por conta dessa restrição devemos usar essas duas vertentes. Quem seleciona olhando apenas números pode descobrir tardiamente que o animal que se formou foge do padrão desejado. E quem avalia só pelo visual deixa de agregar naquelas características que podem ter a contribuição das avaliações genéticas?, enfatizou Luiz Antonio Josahkian, superintendente Técnico da ABCZ, no início da transmissão pela internet. Na abertura do Fórum, o presidente da ABCZ, Eduardo Biagi relembrou as ações da entidade no sentido de ampliar o debate sobre os assuntos de interesse dos criadores de zebu, como nas reuniões estaduais realizadas periodicamente e que subsidiam várias decisões da associação. Além disso, Biagi demonstrou a preocupação da ABCZ em reduzir o distanciamento entre a seleção em pista e a seleção com base nos programas de melhoramento genético. ?Não estamos dizendo que o julgamento em pista não seja um sucesso. Porque ele é. A pista, em minha opinião, é um critério de seleção fundamental e que precisa ser preservado. Muitos têm opinião diferente da minha e é sempre bom discutir para buscarmos um consenso?, disse o presidente Eduardo Biagi. O diretor Técnico da ABCZ, Celso de Barros Correia Filho, reafirmou a importância da pista de julgamento no processo de seleção de animais para a construção de uma pecuária cada vez mais produtiva. ?Todas as ações da ABCZ são discutidas com as associações promocionais e, mais uma vez, temos trazido aqui uma discussão para ser avaliada de forma democrática. Tenho certeza que vamos sair deste fórum com uma boa contribuição para o zebu brasileiro. A pista é fundamental, como o presidente Duda falou. O número de exposições tem aumentado, um sinal de que os julgamentos vão bem. O registro genealógico também vai bem, prova disso é o número recorde de registros feito pela ABCZ em 2012. Mas a nossa responsabilidade não é pensar só no momento atual e, sim, projetar o futuro?, afirmou. Já o diretor da ABCZ, Luiz Cláudio de Souza Paranhos Ferreira, lembrou que na atualidade existem outros referenciais para seleção que devem ser considerados. ?Me preocupa muito se o modelo que vigora é o modelo ideal. Então este fórum é uma oportunidade ótima para discussão e a ABCZ sempre estará aberta para melhorar, com ideias, com sugestões e conversas como esta?, disse. Na sequência, o superintendente Técnico da ABCZ apresentou um resumo do trabalho realizado nos anos de 2011 e 2012 pelo Colégio de Jurados das Raças Zebuínas, que procurou elencar as principais características para se chegar a um biótipo ideal de animal para as raças zebuínas de corte a partir das considerações dos jurados e, em seguida, com base nas considerações dos criadores (durante reuniões com representantes das Associações Promocionais). Luiz Josahkian apresentou ainda uma estatística baseada nos dados dos animais campeões de cada categoria (1º e 2º lugares) da ExpoZebu 2013 para as raças brahman, guzerá, tabapuã e nelore, que demonstrava uma alta correlação entre peso e a classificação dos animais, ou seja, os animais campeões tendiam a ser também os animais mais pesados na categoria, demonstrando uma forte valorização da característica peso na pista de julgamento. ?Nós continuamos valorizando peso em detrimento do que foi dito pelos jurados e criadores durante a pesquisa realizada pelo Colégio de Jurados. Isso não quer dizer que os animais mais pesados não sejam mais harmoniosos, com melhor estrutura, melhores aprumos. Mas é algo a se pensar?, disse Josahkian. A partir daí, a discussão foi aberta ao público participante do evento, que colaborou com vivências pessoais em pista de julgamento e a campo, bem como conhecimentos técnicos. Os depoimentos dos participantes farão parte de um documento produzido que mais uma vez subsidiará as decisões da ABCZ para os próximos anos.