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17 DE AGOSTO DE 2011. POR LAURA PIMENTA

Intensificar a produção é o caminho para a sustentabilidade da pecuária brasileira

A sustentabilidade deverá ser um dos grandes diferenciais competitivos da pecuária do Brasil nos próximos anos.  Esta é a conclusão que se pode chegar após os comentários dos especialistas, Ivens Teixeira Domingos, coordenador do Programa Pantanal da WWF-Brasil Pecuária Sustentável e Maria Gabriela Tonini, coordenadora técnica da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), que proferiram palestras na manhã de hoje (17/08) durante o terceiro dia do 8º Congresso Brasileiro das Raças Zebuínas e o 1º Simpósio Pecuária Tropical Sustentável, promovidos pela ABCZ e o Polo de Excelência em Genética Bovina.
Segundo os especialistas, a sustentabilidade será um diferencial não só pelo fato das pressões internacionais e nacionais pela preservação ambiental, mas também porque para manter a viabilidade econômica da atividade, o pecuarista brasileiro terá que investir em tecnologia para intensificar a produção e, assim, poder concorrer com países, como os Estados Unidos, que em breve deverá retomar à liderança mundial de produção da carne bovina.
Entre os pontos enfatizados pelos especialistas está a necessidade do Brasil ampliar a recuperação de suas pastagens e o melhoramento genético dos bovinos, além é claro, de investir em métodos que estimulem a produção de carne e leite "sustentáveis". Uma das possibilidades para isso é o aprimoramento e desenvolvimento da pecuária orgânica no país, a exemplo do trabalho feito por pecuaristas do Pantanal, que compõem a ABPO (Associação Brasileira de Pecuária Orgânica), na região Centro-Oeste.
Atualmente, estes produtores respondem pela produção em fazendas certificadas, que abrangem aproximadamente 100 mil hectares. "O trabalho da WWF é articular e mediar os processos que podem beneficiar o setor, visando a melhoria contínua dos critérios ambientais e sociais", explicou Ivens Teixeira Domingos, coordenador do Programa Pantanal da WWF-Brasil Pecuária Sustentável.
Além da parceria com a ABPO, a WWWF-Brasil ainda desenvolve parceria com outras entidades, como o caso da Associação das Reservas Privadas do Mato Grosso do Sul e a Embrapa Gado de Corte, empresa com a qual desenvolveu recentemente uma cartilha sobre boas práticas para conservação de água e solo. "Muitas pessoas não entendem o fato de uma ONG apoiar ações de pecuaristas. A questão é que a responsabilidade não pode ser imputada a um único elo da cadeia. A responsabilidade precisa ser compartilhada. Deixar de comer carne não é a opção para a sustentabilidade. O caminho é valorizar produtos feitos de forma responsável", concluiu Ivens.
Na sequência, a coordenadora técnica da ABIEC, Maria Gabriela Tonini, falou sobre as exigências do mercado externo. "Até 2030, o consumo per capita de carne bovina deve aumentar 30%. A Índia, por exemplo, já está se tornando um grande concorrente do Brasil na produção e comercialização de carne para mercados menos exigentes, pois tem um rebanho bovino e bubalino considerável e vende o produto bem mais barato que o Brasil. Ou seja, não basta ser sustentável ambientalmente. Também é preciso ser sustentável economicamente. Toda a conjuntura internacional fez surgir novas exigências e forçam o produtor brasileiro a aumentar a produtividade", comentou ela.
Segundo Maria Gabriela, os desafios de sustentabilidade do Brasil no mercado externo se referem ao uso da terra e florestas, emissões de Gases de Efeito Estufa e Água. Apesar de o Brasil ser o país que apresenta maior nível de conservação de seus biomas e liderar o ranking dos países que mais diminuíram a emissão de metano por quilo de carne produzida desde 1988, além de ter a melhor relação de equilíbrio entre disponibilidade da água e sua população mundial, muito ainda precisa ser feito em termos produtivos. "Temos a possibilidade de tornar mais eficiente o uso de nossas pastagens e ainda melhorar taxas como as de abate, idade de abate, fertilidade, peso de carcaça, etc, através do melhoramento genético e nutrição dos animais", afirma Maria Gabriela.

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