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01 DE ABRIL DE 2011. POR LAURA PIMENTA

Libido é avaliada em touros pré-selecionados para Teste de Progênie

Uma característica importante para a seleção de animais se refere à capacidade reprodutiva dos machos, especialmente, no que diz respeito à libido dos touros. Justamente por este motivo, pela primeira vez, touros da raça gir leiteiro pré-classificados para o Teste de Progênie 2011, promovido pela Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) e EMBRAPA, estão sendo analisados quanto à libido.
As análises estão sendo feitas hoje (1º/04), durante todo o dia, na Fazenda Escola da FAZU (Faculdades Associadas de Uberaba), pelo professor Alexandre Bizinoto, acompanhadas por alunos do curso de Zootecnia da faculdade. Ao todo, estão sendo avaliados 37 touros, com idade máxima de 36 meses ao final da prova.
O professor Alexandre Bizinoto explica que avaliar a libido dos touros que participam de um Teste de Progênie é importante para evitar a eliminação de touros ao longo da prova, reduzindo os custos da mesma, bem como para reduzir as possibilidades de multiplicação da subfertilidade nos rebanhos brasileiros, pois de nada adianta um animal com excelente andrológico e péssimo libido.
Durante o teste de libido são observadas as expressões comportamentais sexuais dos touros, um a um, frente a um grupo de fêmeas. "Na avaliação são observados os comportamentos sequenciais, como circulação do touro entre as fêmeas, reflexo de Fleming (movimentação das narinas), capacidade de identificação da(s) fêmea(s) em cio, perseguição à fêmea e persistência, tentativas de monta, monta (apoio no corpo da fêmea e penetração) e salto (momento da ejaculação)", comenta Bizinoto.
Durante a avaliação, todos os touros têm o mesmo tempo para expressarem o interesse sexual pela fêmea (até 20 minutos), favorecendo a comparação entre eles. O lote de fêmeas é o mesmo durante todo o teste, sendo este composto por algumas fêmeas em cio e as demais (em maior número) com total ausência de cio. "São utilizados cinco currais sequenciais, sendo três para touros e um para as vacas. São formados os lotes de touros em espera, touros em observação, touro com vacas e touros pós-teste, sendo este último intercalado por um curral vazio para evitar a interferência dos já testados sobre o que está em avaliação. No curral de avaliação, quatro observadores realizam as observações e registro dos comportamentos em planilha própria ao teste, cujas médias das notas resultará na classificação do mesmo em Insatisfatório, Moderado e Satisfatório. Os animais que não foram bem no primeiro teste, terão uma segunda oportunidade dez dias depois, evitando excesso de rigor e desclassificações indevidas por problemas de ordem ambiental que podem ter interferido no primeiro dia do teste", destaca o professor, lembrando que a realização da indução à iniciação sexual dos touros é feita com um mês de antecedência ao teste de libido, a fim de evitar notas ruins aos touros inexperientes (virgens) participantes da prova.

Durante a avaliação, os alunos da FAZU vivenciam na prática alguns conceitos de disciplinas como Fisiologia do Comportamento e Reprodução de Bovinos, onde percebem relações entre estruturas anátomo-fisiológicas e desenvolvimento corporal do bovino com o comportamento dos animais antes, durante e depois da monta.
 
O mal desempenho dos touros em relação à libido se reflete em baixas taxas de fertilidade no rebanho, o que proporciona menor número de bezerros nascidos. "A avaliação de libido evita propagação de subfertilidade no rebanho. Auxilia no planejamento reprodutivo das fazendas que trabalham com estação de monta e bateria de touros, possibilitando associar touros de alta libido com touros de baixa libido a fim de evitar impactos no número de nascimento de bezerros", completa Bizinoto.
O professor explica ainda que por ser um teste que envolve indução de cio em fêmeas, bem como por não ser exigido na grande maioria das relações de compra e venda de touros, a avaliação de libido de touros ainda é pouco usada na prática das fazendas. "Entretanto, pecuaristas que exploram bem o negócio de touros utilizam desta prática para dar garantias aos compradores, bem com para melhor selecionar seus futuros reprodutores", admite o professor.


Testes de Reatividade

O professor da FAZU conta ainda que desde a chegada dos touros gir leiteiro na Fazenda Escola da faculdade, estes animais são submetidos também aos testes de reatividade (frequência respiratória, movimentação dentro do brete de contenção e velocidade de saída do brete e distância de fuga).
O teste funciona da seguinte forma: ao chegarem no curral, os touros circulam livremente uma ou mais vezes pela área de serviço (seringa ao ovo de apartação) para um melhor condicionamento. Dá-se então início às avaliações, as quais são individuais e em sequencia.  A distância de fuga apresenta uma classificação que vai de 0 a 5, sendo zero a melhor nota e 5 a pior. Normalmente, representa a distância que o animal permitiu você se aproximar dele sem que se movimente. "Os testes se complementam e reduzem as possibilidades de penalizações indevidas aos touros. Percebe-se que a grande maioria evolui com o passar dos seis meses da prova classificatória para o Teste de Progênie. Ele permite identificar animais que melhor se comportam em ambientes de intenso manejo, favorecendo o desempenho e reduzindo acidentes e perdas de qualidade por interações hormonais. Também favorecem o tempo de serviço dos funcionários, contribuem positivamente para a reprodução e reduzem custos de manutenção de equipamentos e instalações", finaliza Bizinoto.

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