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28 DE FEVEREIRO DE 2011. POR LAURA PIMENTA

Certificação será essencial para a formação de banco de dados sobre qualidade de carcaça no Brasil

Em breve, o Brasil poderá iniciar a formação de um banco de dados com informações precisas sobre a qualidade da carcaça dos bovinos criados no país, através do levantamento de características como Área de Olho de Lombo, Acabamento (espessura de gordura) e marmoreio, coletadas através de ultrassonografia, o que será essencial para a seleção de animais com qualidade de carne superior.
 As informações para compor este banco de dados somente poderão ser coletadas por profissionais certificados pela empresa norte-americana Ultrasound Guidelines Council (UGC), que deu início a certificação dos profissionais brasileiros nesta segunda-feira (28/02), no Centro de Reprodução Animal do Hospital Veterinário de Uberaba, localizado no interior do campus da FAZU (Faculdades Associadas de Uberaba).
"Acredito que esta certificação será um divisor de águas no melhoramento genético no Brasil, uma vez que teremos referências internacionais para coletar as informações dos animais e estas poderão ser utilizadas nas avaliações genéticas dos nossos principais programas de melhoramento genético", informa o superintendente Técnico da ABCZ e professor da FAZU, Luiz Antonio Josahkian.
Nos Estados Unidos, a técnica de ultrassonografia é amplamente utilizada para a geração de informações sobre a qualidade da carcaça dos bovinos desde 1998. Segundo Mike Tess, diretor executivo da UGC, o país gera uma média de 200 mil avaliações de carcaça por ano, o que faz com que a indústria frigorífica tenha parâmetros para premiar e ainda desqualificar as carcaças oferecidas pelos produtores. "A média de prêmio é de US$ 80 por carcaça. Em compensação, carcaças sem qualidade podem ter um desconto de até US$ 160 doláres no valor pago pela indústria", comenta Tess.
Ele lembra que o principal objetivo da UGC é a qualidade das avaliações genéticas. "E para conseguirmos esta qualidade é preciso ter padronização nos procedimentos de ultrassonografia. Para isso, não basta que o técnico seja certificado, é preciso que toda a equipe seja qualificada, que os equipamentos sejam de qualidade e que as avaliações sejam feitas com honestidade", afirma.
No Brasil, a técnica de ultrassonografia ainda é pouco utilizada, segundo o médico veterinário Fabiano Rodrigues da Cunha Araújo. "Em oito anos de trabalho no país, geramos aproximadamente 30 mil avaliações de carcaça", conta Araújo.


Certificação
Nesta primeira certificação, aproximadamente 22 técnicos deverão ser credenciados para o trabalho de ultrassonografia a campo, enquanto outros 14 profissionais receberão a certificação para trabalharem em laboratórios. Até a próxima sexta-feira, os profissionais que participam da certificação terão de realizar avaliações práticas de ultrassonografia nos animais, além de acompanhar apresentação do programa de educacional da UGC e realizar prova escrita.
A certificação está sendo aplicada pelos técnicos norte-americanos Mike Tess, Casey Worrell e Craig L. Hays. Para se tornar um técnico certificado pela UGC, os profissionais brasileiros deverão ser aprovados na avaliação de eficiência. O teste de eficiência inclui uma prova escrita, coleta de imagens da garupa, da área de olho de lombo e de gordura intramuscular. Vinte animais com variações em idade, sexo e condição de escore corporal serão avaliados, representando as condições dos animais que se encontram para a avaliação no campo. Cada técnico irá coletar as imagens de cada animal duas vezes. Os técnicos-referências da UGC irão coletar as imagens dos mesmos animais. As imagens coletas serão interpretadas por técnicos de laboratório certificados pela UGC, estimando a área de olho de lombo, gordura subcutânea, gordura na garupa e gordura intramuscular. Os técnicos-referências de laboratório irão pontuar todas as imagens por qualidade. As medidas dos animais obtidas das imagens coletadas pelos técnicos da UGC serão utilizadas como referência para cada característica avaliada. Os técnicos serão avaliados estatisticamente em relação à qualidade da imagem, correlação, desvio técnico (viés), erro padrão de predição e erro padrão de repetibilidade.
Todos os técnicos certificados estarão credenciados para fazer coletas de imagens e interpretação de imagens em laboratório para envio de dados aos programas de melhoramento genético.
A certificação, organizada pela ABCZ e pelo Comitê Brasileiro Técnico de Ultrassonografia para Avaliação de Carcaça (CBTUAC) conta com a participação de várias entidades de pesquisa e representativas de criadores de várias regiões do país, objetivando aprimorar, cada vez mais, a informação para seleção e melhoramento da qualidade das carcaças e carnes oriundas do rebanho brasileiro, entre elas estão a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, FAZU, Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos, Universidade de São Paulo, Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores e Beckhauser Troncos e Balanças.

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