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11 DE FEVEREIRO DE 2011. POR LAURA PIMENTA

Criadores falam sobre como mercado avalia a pista de julgamento

Cinco criadores de zebu, representando as raças zebuínas nelore, brahman, guzerá, indubrasil e tabapuã, participaram hoje (11/02) de uma mesa redonda conduzida pelo coordenador do Colégio de Jurados da ABCZ, Mário Márcio de Souza da Costa Moura, durante o último dia de atividades do 3º Seminário de Revisão dos Critérios de Seleção das Raças Zebuínas de Corte, promovido pela ABCZ. A mesa redonda teve como tema "Como o mercado avalia os resultados da pista de julgamento?".
O primeiro a falar foi o pecuarista Celso de Barros Correia Filho, diretor técnico da ABCZ, que seleciona a raça nelore. Em sua fala, Celso ressaltou a importância da caracterização racial no processo de seleção. "Apuro racial é indispensável. Eu pratico isso há 32 anos. O mercado vê muito positivamente a pista de julgamento. Mas o mercado costuma ser modista. Hoje a moda são as DEP's, ferramenta indispensável para atingir a funcionalidade. Mas não podemos esquecer o aspecto racial. Se analisarmos apenas números, chegaremos em um ponto que teremos tipos muito distantes", enfatizou, lembrando ainda que os resultados da pista são e sempre serão importantes, sendo necessário haver uma adaptação para dissolver a dicotomia atual.
Na sequência, o médico veterinário e selecionador de brahman, Bruno Aurélio Ferreira Jacintho, enfatizou a necessidade de o pecuarista priorizar a funcionalidade dos animais. "Acredito que mesmo sendo difícil, a unificação de critérios de julgamento deveria ser uma busca constante do Colégio de Jurados da ABCZ. Um ponto importante diz respeito ao excesso de peso dos animais de pista. O produtor tem que se atentar para a produtividade dos animais lembrando sempre que nossa criação é extensiva", disse Bruno.
Logo em seguida, foi a vez do pecuarista Antônio Pitangui de Salvo, da fazenda Canoas, com mais de 50 anos de experiência na seleção da raça guzerá. O criador voltou a enfatizar a necessidade de a seleção visar animais rústicos e funcionais a campo. "Para isso é preciso, em primeiro lugar, ter critérios de seleção, para que os animais de pista sejam fruto de animais melhoradores. Na minha fazenda, por exemplo, uma característica essencial é índole. Afinal, animal bravio não serve para nada. Acredito também que o criador deve ter cuidado ao escolher os animais que levará para a pista, de forma a não aumentar a distância entre o que é bom para o campo e o que é bom para as pistas", salientou de Salvo, que ainda colocou em discussão pontos como o atual manejo alimentar dos animais em exposições e a necessidade de utilização de touros jovens.
Já o criador de indubrasil, Djenal Queiroz Neto, comentou sobre os erros e acertos da seleção da raça no Brasil, fazendo uma retrospectiva histórica, desde a formação da raça na década de 30 até os dias atuais. "Na primeira fase do indubrasil, percebemos que havia uma grande preocupação com o tamanho das orelhas. Isso foi um ponto extremamente negativo para a raça. Depois começou a ter uma grande valorização de peso. Na fase atual, estamos buscando um indubrasil mais equilibrado e consolidando a raça para a dupla aptidão", ressaltou. Djenal lembrou ainda que a raça tem um mercado promissor, sobretudo, em países como México e Tailândia, que investem expressivamente na raça.
Logo depois, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã (ABCT), Raimundo Jesualdo Sales, enfatizou a importância dos jurados na consolidação da raça tabapuã, ressaltando algumas características positivas alcançadas com a seleção ao longo dos anos como docilidade, fertilidade e acabamento de carcaça.
Na sequência, os técnicos e jurados que participaram do evento puderam fazer perguntas e colocações sobre o tema.


Carne e saúde
Uma das palestras mais comentadas do 3º Seminário de Revisão dos Critérios de Seleção das Raças Zebuínas de Corte também foi ministrada hoje pela manhã pelo médico Wilson Rondó Jr. Na oportunidade, o médico falou sobre a importância de hábitos alimentares saudáveis, além de elucidar crenças sem comprovação científica que habitam o imaginário de milhares de pessoas em todo o mundo. Entre elas, o de que o consumo de carne bovina é prejudicial à saúde e de que outros produtos, como o leite e a manteiga, devem ser excluídos da alimentação humana. O médico foi categórico ao afirmar que o Brasil pode se tornar um modelo alimentar a ser seguido pelo mundo, graças à utilização das raças zebuínas, criadas a pasto.

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