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06 DE MAIO DE 2010. POR LAURA PIMENTA

Pesquisadores alertam para que ciência prevaleça sobre suposições em relação à emissão de GEE

O III Simpósio Pecuária Sustentável, promovido pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e pelo Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), realizado hoje (06/05) durante a ExpoZebu 2010, trouxe novamente a tona a necessidade da ciência prevalecer sobre as suposições quando o assunto diz respeito às emissões de Gases de Efeito Estufa pela pecuária. Isso porque, as suposições geralmente são fundamentadas em números inconsistentes.
O Simpósio foi aberto oficialmente na tarde hoje com a participação de muitos interessados pela temática dos Gases de Efeito Estufa, entre ambientalistas, pecuaristas, representantes de entidades classistas e estudantes.
O simpósio foi iniciado pelo Diretor Executivo da Embrapa, Fernando Campos Mendonça, que lembrou o esforço da entidade para ajudar o agronegócio a avançar de maneira eficiente nas últimas décadas. Na sequência, o presidente do Instituto ARES, Ocimar Villela, lembrou o quanto o Brasil é eficiente "da porteira para dentro". "Uma questão muito séria que está sendo trabalhada pelos ARES são os indicadores da sustentabilidade relacionados a solo, água, questões sociais da propriedade, entre outros para comprovar e levantar mais dados com embasamento técnico sobre o agronegócio sustentável. A ABCZ de repente descobriu que tem a sustentabilidade em seu DNA. Todo mundo reconhece que o desmatamento ilegal é ruim. Os produtores estão dispostos a conversar desde que haja compensação financeira para o produtor. Com compensação a pecuária será cada dia mais sustentável. A preocupação da ABCZ é o melhoramento genético e este é um componente fundamental para o melhoramento do rebanho. A ABCZ está a vontade para debater sustentabilidade, pois é um elo fundamental deste processo", declarou.
Em seguida, o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, falou sobre o Projeto Biomas, que será promovido pela confederação juntamente com a Embrapa. "No futuro não teremos barreiras sanitárias, comercias, mas com certeza, as questões que serão debatidas aqui hoje serão grandes barreiras para nossos produtos no exterior. Já estamos incomodando muitas pessoas produtoras de gêneros alimentícios mundo afora. Sem dúvida, a ausência de sustentabilidade será um grande gargalo para nossos produtos e exportações, especialmente carnes", afirmou Alvim.
Já a diretora da ABCZ, Leila Borges, reiterou o compromisso da associação com a promoção da Pecuária Sustentável. "Este tema deverá ser permanente de agora em diante. Não podemos avançar sem sustentabilidade. São tantos os desafios, que teremos que priorizar o que fazer primeiro", ressaltou.


E dentre todos os desafios para a pecuária sustentável, o principal deles é justamente promover o levantamento de dados científicos pertinentes, que possam gerar inventários de Gases de Efeito Estufa confiáveis, como afirmou o presidente do CNPC, Sebastião Guedes, durante sua palestra "Resumo das primeiras conclusões sobre o balanço do GEE na pecuária e desejos da cadeia pecuária". Guedes falou sobre as projeções da FAO, que estima um crescimento extremamente acentuado da população global até 2050 e sobre a necessidade de produzir mais 70% de alimentos para alimentar esta população. O presidente do CNPC também lembrou que, ao contrário do que se afirma, a pecuária não é a principal causa do desmatamento da Amazônia. "A primeira causa é a ocupação ilegal das terras públicas, seguida da extração e comércio ilegal de madeiras nobres, extração de outras madeiras para produção de carvão e ainda a expansão da agricultura. Não é justo que a pecuária leve a culpa. Principalmente, porque o Brasil foi o país que mais reduziu metano no mundo nos últimos 20 anos (ao todo 29% de redução)", esclareceu.
Guedes afirmou que o Brasil tem solo, água e tecnologia moderna aplicável a agropecuária. Além disso, tem genética e nutrição adequada para obter um bovino de 510 kg de peso vivo aos 18 meses de idade. "Temos ainda possibilidade de recuperar as pastagens degradadas. O Brasil tem know how na área científica para construir uma tabela para emissões da pecuária Brasileira. O que desejamos então? Que a ciência prevaleça sobre suposições e sobre os exagerados princípios de precaução do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Queremos que seja conhecido um balanço entre emissão e absorção de GEE, queremos estímulo ao melhoramento genético e incentivo para o sistema lavoura-pecuária-silvicultura, entre outros", enfatizou.
O pesquisador da Embrapa Agrobiologia, Bruno Alves, também fez ponderações importantes sobre a necessidade de melhorar os números que o IPCC utiliza para realizar inventários nacionais de GEE, bem como as metodologias do IPCC para mensuração de emissões de GEE. "Temos que refletir também sobre até que ponto as nossas bases de dados são seguras, como o rebanho brasileiro bovino estimado pelo IBGE? Se não tivermos informações confiáveis disponíveis, o inventário fica frágil", argumentou Alves.
O simpósio terá continuidade até as 19h de hoje, quando serão apresentados vários trabalhos e informações que preconizam a Pecuária Sustentável. O pesquisador da USP/Pirassununga, Paulo Henrique Mazza falará sobre a "Mitigação de metano - Cifras, Perspectivas e Ações". Na seqência, o professor da FAZU Adilson Aguiar falará sobre "Genética e Pastagem - O caminho para uma pecuária sustentável". "Pró-Genética - Experiência inovadora para multiplicação genética" será o tema da palestra do superintendente de Marketing e Comercial da ABCZ, João Gilberto Bento. Ao final das palestras, haverá um espaço para perguntas e discussão. O simpósio será concluído pelo presidente do CNPC, Sebastião Costa Guedes.

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