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20 DE ABRIL DE 2010. POR LARISSA VIEIRA

Raça guzerá é avaliada durante 1ª PGP a Pasto AMCZ

As provas de ganho em peso a pasto são bastante utilizadas para identificação de animais geneticamente superiores para diversas características econômicas. Sabe-se que a seleção dos futuros reprodutores deve ser feita em condições semelhantes em que sua progênie será criada, ou seja, é importante a identificação de reprodutores que poderão ser utilizados no sistema de exploração a pasto.
Diante desta necessidade a Associação Mineira de Criadores de Zebu - AMCZ realiza juntamente com a Associação Brasileira de Criadores de Zebu - ABCZ, a 1ª PGP a Pasto, de animais da raça Guzerá, em Curvelo.  A PGP está sendo realizada na Fazenda Meleiro, propriedade do Sr. Roberto Lubenal localizada no município de Curvelo - MG. Foram disponibilizados 150 hectares de pastagens formados por Brachiaria brizantha.

A PGP à pasto da raça Guzerá em Curvelo - MG, iniciou-se em 05/09/2009, com 45 bezerros pesando em média 247,6 kg. Esta PGP está sob coordenação técnica do Zootecnista Ricardo Costa Sousa mestrando na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, sob orientação do Prof. Dr. Idalmo Garcia Pereira do Departamento de Zootecnia. A Prova já está com a sua 4ª avaliação realizada, que foi no dia 20/02/2010, sendo que os animais apresentaram peso médio de 364 kg, propiciando um ganho médio diário de 0,700 kg. Alguns animais obtiveram ganho diário superior a 0,800 kg.
Participam da prova, progênies de touros como Abaeté S, Advento JÁ, Mabrouk da VIC, Mago TE S, Ngao TE S, Signo AM, dentre outros. Os animais estão sendo manejados em pastagens de Brachiaria brizantha, e suplementados com sal proteinado da Tortuga.
Além das pesagens estão sendo realizadas avaliações morfométricas, visuais pelo método EPMURAS e medidas por ultra-sonografia da área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura subcutânea (EGS). A AOL é uma medida realizada sobre o músculo longissimus dorsi entre a 12ª e 13ª costela e prediz a quantidade total de carne, sendo utilizada para calcular o rendimento da carcaça.
As avaliações das medidas morfométricas também são importantes, pois ainda são escassos os estudos relatando correlações entre estas medidas, e características produtivas, em animais da raça Guzerá. Sabemos que para o sucesso de qualquer trabalho de seleção, é indispensável, o conhecimento das relações entre características contempladas.
O Prof. Dr. Pedro Veiga, da Universidade Federal de Viçosa, está coletando medidas de área de olho de lombo, e espessura de gordura subcutânea, através de ultra-sonografia. O objetivo da utilização desta técnica é obter de uma forma rápida e barata, informações da carcaça que permitam a avaliação da composição corporal de animais vivos.
Com as informações de AOL e EGS, ao final da prova será possível determinar a curva de crescimento do músculo Longissimus dorsi, de forma a identificar animais que convertem mais pasto em carne. Além disso, a deposição de gordura também será modelada a partir dos dados de EGS no sentido de identificar animais mais precoces na terminação de carcaça.
 Conforme mencionado, para as avaliações visuais optou-se pelo método denominado EPMURAS. Avaliando-se estrutura, preocidade, distribuição muscular, umbigo, características racias, e sexuais (ABCZ, 2003). Ao avaliar-se estrutura (E), procura-se predizer visualmente a área que o animal abrange, olhando-se basicamente para o comprimento corporal e profundidade de costelas. Essa área está intimamente ligada aos seus limites em deposição de tecido muscular. Na avaliação de precocidade (P), as maiores notas recaem sobre os animais de maior profundidade de costelas em relação à altura de seus membros. Há relatos na literatura indicando que animais mais precoces em acabamento também são sexualmente mais precoces.
O escore de musculatura (M) é avaliado através da evidência de massas musculares. Animais mais musculosos, além de pesarem mais, apresentam melhor rendimento de carcaça, o que reflete diretamente no bolso do pecuarista. O escore de umbigo (U) é avaliado a partir da referência do tamanho e do posicionamento do umbigo. No Brasil, a maioria dos rebanhos é criada em grandes áreas de pastagem, e nos machos, umbigo, bainha e prepúcio pendulosos são mais susceptíveis a ocorrência de prolapso e patologias ocasionadas por traumatismos, e estas são muitas vezes irreversíveis ou extremamente complexas em termos de manejo curativo.
A caracterização racial (R) busca avaliar todos os itens previstos nos padrões da raça envolvida. Esta caracterização é um distintivo comercial forte e tem valor de mercado, o que, por si só, justifica sua inclusão. Os aprumos (A) devem ser avaliados através das proporções, direções, angulações e articulações dos membros anteriores e posteriores, pois o sistema de criação em regime de pastagem obriga os animais a percorrerem grandes distâncias, favorecendo aqueles de melhores aprumos. Na avaliação da sexualidade (S) busca-se masculinidade nos machos.
As avaliações visuais juntamente com a informação de peso vivo auxiliam na identificação de animais que apresentam o biótipo mais desejável para condições de criação predominantes no país.
Outro item que está em avaliação é a precocidade sexual dos tourinhos Guzerá. Na busca de touros com alto potencial de fertilidade, dúvidas ainda permanecem quanto ao melhor método para avaliação da capacidade reprodutiva e predição da fertilidade de reprodutores zebuínos em condições tropicais. De acordo com Vicente do Vale & Venício Andrade, professores da UFMG, o exame andrológico completo dos animais, que potencialmente serão usados em monta natural, inclui as avaliações clínicas e da biometria testicular, das características espermáticas (aspectos físicos e morfológicos do sêmen), além da libido e da capacidade de monta, que são fatores altamente ligados à fertilidade e ao melhoramento genético de rebanhos bovinos,
Nas avaliações os animais vêem obtendo uma evolução bastante promissora. Após estes 168 dias de prova é notável a ocorrência de alguns destaques, o que é esperado em uma PGP. Dado que os bezerros são contemporâneos e as condições de ambiente (manejo, pastagem, etc) são semelhantes estas diferenças que estão se apontando entre os futuros tourinhos são de ordem genética e principalmente devido a ação aditiva dos genes, o que é herdável, comenta Prof. Dr. Idalmo Garcia.
A produção de bovinos no Brasil se faz, quase que exclusivamente, em sistemas à base de pastagens. A obtenção de altos índices de produtividade nestas condições constitui um desafio constante e a fração de proteína das rações deve merecer do nutricionista atenção especial em razão do seu custo relativo sempre mais elevado que o dos demais nutrientes.
O Prof. Severino Villela, da área de nutrição, está avaliando a composição químico-bromatológica e disponibilidade da forragem onde se encontram os animais para que se sejam conhecidas e explicitadas a real situação em que os animais se encontram. O acompanhamento das condições do pasto visa também à formulação e determinação do nível de fornecimento dos suplementos múltiplos aos animais.
Vale ressaltar que o fornecimento de suplementos nessa prova vem sendo feito próximo a quantidade de 1,0 kg por dia com objetivo permitir melhor consumo e aproveitamento do pasto, completa Severino. Pois é sabido que a elevada capacidade produtiva dos capins tropicais é uma característica que permite a obtenção de grandes produções animais nestas condições. Porém, é inquestionável que mesmo com esse potencial para produção de carne em regime de pasto, é comum a existência de inadequações nutricionais no que se refere à oferta de energia, proteína e minerais, principalmente na época da seca, mas também nas demais fases do ano. Por isso há a necessidade de restabelecer o balanço e superar deficiências possíveis de nutrientes dentro do sistema.
  As informações geradas neste trabalho irão auxiliar no melhor entendimento das características produtivas, e reprodutivas dos animais da raça Guzerá. E também servirão de subsidio para identificação e utilização dos reprodutores em acasalamentos dirigidos, visando uma progênie mais precoce.
A PGP conta com apoio do Sindicato dos Produtores Rurais de Curvelo - SPRC; Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM; Associação dos Criadores de Guzerá de Curvelo - ACGC; e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER.

 

Fonte: Artigo escrito pelos técnicos e professores que coordenam a PGP

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