O anúncio esta semana da incorporação da Bertin S.A., bem como a compra da Pilgrims Pride, uma das líderes no mercado de aves nos EUA, pelo grupo JBS-Friboi foi assimilado com preocupação pelo presidente da ABCZ José Olavo Borges Mendes. "São empresas altamente conceituadas e não tenho dúvida de que é uma fusão que fortalece o Brasil em termos de mercado externo. Mas, para o produtor é extremamente temeroso, porque a fusão de empresas sempre dificulta muito a negociação entre produtor e frigorífico", explica.

José Olavo analisa o cenário com preocupação porque entende que a condição do produtor é sempre muito vulnerável na hora do estabelecimento de preços. "Buscamos a harmonia da cadeia produtiva e queremos que o Brasil seja cada vez mais competitivo. Por isso, queremos que o produtor seja valorizado. Ele é peça fundamental para o sucesso da cadeia produtiva, porque é ele quem investe em tecnologia, quem seleciona os melhores animais e quem garante a sanidade do rebanho", afirma.

A JBS S.A. agora figura como líder mundial em proteína animal, incluindo o domínio da produção de bovinos, frangos e suínos. Segundo cálculos da Reuters, a troca de ações remete a um negócio de cerca de R$ 5,2 bilhões. Apenas as empresas Petrobras e Vale superam em receita a companhia, que agora figura como a terceira maior empresa de capital aberto do país. Segundo matéria veiculada no jornal Folha de São Paulo esta semana, o faturamento anual da nova JBS-Bertin é estimado em quase US$ 30 bilhões. A capacidade de processamento geral diário da empresa é de 90,4 mil bovinos, 48,5 mil suínos, 7,2 milhões de aves, 19,5 animais de pequeno porte (ovinos e caprinos), 148,5 mil metros quadrados de couro e 1.266 toneladas de lácteos. Somente no Brasil, essa capacidade diária de abate chega a 43,4 mil bois. Ainda segundo a Folha, a Associação dos Criadores de Mato Grosso estima que, no Estado, a JBS vá controlar quase 50% dos abates.