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21 DE AGOSTO DE 2009. POR RENATA THOMAZINI

Seleção genômica visa reduzir custos no rebanho leiteiro

Enquanto no Brasil a genotipagem de animais, em janeiro de 2009, era de 373, nos  Estados Unidos e no Canadá foram feitos 22.344 procedimentos. Uma mostra de que é inicial a utilização das tecnologias de seleção genômica no rebanho brasileiro, mas de que essa é uma realidade que deverá mudar em breve. O apoio aos estudos relacionados às tecnologias que visam aumentar a rentabilidade dentro da pecuária ganha fôlego. Quando se fala em seleção genômica, tecnologia ainda recente no país, o alto investimento ainda é um entrave para utilização, pensando-se em larga escala. Mas, de acordo com o pesquisador da Embrapa Gado de Leire, Marcus Vinícius Barbosa da Silva, essa ferramenta ainda pode auxiliar muito no aumento da lucratividade no campo, principalmente em se tratando da seleção para leite. O custo operacional no Brasil hoje, de acordo com o pesquisador, pode chegar a US$ 50 mil por exemplar. Por isso, Marcus Vinícius ressalta que a seleção genômica pode ser uma forte aliada, acelerando o processo de seleção dos animais quanto às características desejáveis à melhoria do rebanho.

O assunto foi abordado pelo pesquisador na palestra "Seleção Genômica nos Testes de Progênie de Gado de Leite", ministrada durante a ExpoGenética 2009. O público conferiu o avanço da tecnologia na busca de dados mais concretos para auxiliar na seleção bovina.Uma das novidades apresentadas por Marcus Vinícius foi a análise do DNA dos tourinhos candidatos a reprodutores, que cabe em um chip que analisa, em apenas sete minutos, centenas de centenas de marcadores genéticos, para 12 diferentes animais ao mesmo tempo, com uma exatidão acima de 75%. A tecnologia já tem resultados publicados e faz parte de um projeto do Laboratório Virtual da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária nos Estados Unidos (Labex Estados Unidos) e do Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS), do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

A metodologia começou a ser avaliada em 2007, num estudo liderado por Van Tassell, em raças leiteiras americanas, com apoio de associações, centrais de inseminação e instituições dos Estados Unidos e do Canadá. Para isso foi desenvolvido um microarray chip contendo 54.000 marcadores moleculares de DNA. Estes marcadores são chamados polimorfirmos de base única (Single Nucleotide Polymorphisms-SNP). Em janeiro deste ano, o USDA lançou a primeira publicação dos valores genéticos dos touros americanos com base em marcadores genéticos, sendo utilizado o chip. "Usando este chip pode-se comparar o DNA de bezerros e dizer aos criadores quais os animais seriam indicados a participar dos testes de progênie. Além disso, possibilita o estudo de associações entre esses marcadores genéticos e características de importância econômica, visando a identificação dos genes envolvidos na expressão da característica", explica Marcos Vinícius.

Segundo o pesquisador brasileiro, isso significa reduzir o intervalo de gerações e de custos com testes de progênie (que avalia a capacidade genética do touro como pai, uma espécie de certificado de garantia de incrementos na produtividade dos rebanhos).

Com o uso da nova metodologia a genotipagem (análise do material genético) de cada touro custa entre US$ 225 e US$ 175 e pode ser realizada quando o animal acaba de nascer. "O método evita  que se gaste até US$ 50 mil por animal, com a inclusão de touros de baixo potencial genético em estes de progênie", explica Marcos Vinícius Silva. A economia se deve justamente porque a genotipagem pode ser feita logo após o nascimento do bezerrinho, enquanto pelo método convencional é preciso esperar que o animal atinja, em média, dois anos de idade, dependendo da raça, para que possa ser feito o teste de progênie. Outra novidade abordada por Marcos Vinícius Silva é sobre um estudo para analisar os SNPs em rebanhos brasileiros, que está em andamento.

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