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28 DE ABRIL DE 2009. POR LAURA PIMENTA

Alternativas para redução de Gases do Efeito Estufa serão apresentadas durante ExpoZebu

Pesquisadores de duas das mais renomadas universidades brasileiras estarão presentes durante a ExpoZebu 2009, onde apresentarão as alternativas para redução de Gases do Efeito Estufa (GEE) oriundos da produção pecuária. Os trabalhos de pesquisa serão apresentados no dia 02 de maio, durante o "Simpósio Pecuária Sustentável", realizado pela ABCZ, em parceria com o Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC).
A primeira apresentação acontece a partir das 15h, com a exposição do professor Paulo Henrique Mazza Rodrigues, da USP de Pirassununga. O pesquisador falará sobre como reduzir GEE com base na bioquímica dos ruminantes. Segundo Paulo Henrique, a pecuária tem contribuído para a produção de alimentos e outros produtos (vestuário, força de trabalho e etc.), para as populações humanas há pelo menos 10 mil anos. O sucesso dos animais ruminantes (bovinos, caprinos, ovinos e outros) em se difundirem pelos mais diversos ambientes terrestres e também de serem criados com fins produtivos pelos homens se dá, em grande parte, devido à presença de um estômago complexo.
Ele explica que, neste órgão, especialmente no rúmen, ocorre a multiplicação de várias espécies de micro-organismos que executam o papel de sintetizar vitaminas e proteínas de alta qualidade, bem como realizar a digestão da celulose, presente no capim. Os nutrientes produzidos por esses micro-organismos, uma vez utilizados pelos ruminantes, são transformados em alimentos de alta qualidade, como a carne e o leite. Embora esse processo de fermentação seja bastante eficiente, ele resulta na produção de hidrogênio, que é um resíduo que deve ser colocado pra fora. A transformação desse hidrogênio em gás metano, o qual é posteriormente eructado pelo ruminante, foi a forma que as bactérias encontraram para lançar o lixo pra fora do rúmen. Infelizmente, a limpeza da casa implica em problemas de ordem ambiental. "Embora a fermentação ruminal seja um processo energeticamente eficiente, a comunidade científica aceita que exista bastante espaço para melhorá-la, inclusive com a possibilidade de diminuição da produção de metano pelos animais. Durante a apresentação serão abordados os conhecimentos científicos disponíveis com vistas a manipular a fermentação ruminal de forma a diminuir a produção de metano. Discutiremos os resultados obtidos com medidas de alteração da dieta, uso de medicamentos e vacinas, bem como novas estratégias a serem desenvolvidas", explica o professor da USP.        
Já às 16h45, o professor Dante Pazzanese Duarte Lanna, da ESALQ de Piracicaba, falará sobre o  confinamento como redutor da emissão dos GEE. O pesquisador apresentará um modelo que estima as emissões de gases de efeito estufa (metano e CO2) dos diferentes sistemas de produção. Segundo Lanna, o confinamento (por usar grãos) reduz muito as emissões de metano em relação ao pasto (primeiro porque o animal vive menos dias, segundo porque a digestão dos grãos produz menos metano a cada dia). Entretanto, a produção de grãos, o uso de combustíveis, etc, faz com que o confinamento aumente as emissões de CO2 a partir de combustíveis fosseis. "O resultado final que alcançamos é que o uso do confinamento estratégico, de curta duração, no final do período de engorda (com cerca de 60-90 dias de duração), reduz o impacto sobre as emissões totais de gases de efeito estufa da pecuária de corte. Esta melhora é da ordem de 15 a 25% por kg de carne", informa. A pesquisa realizada por Pazzanese também simulou o impacto da intensificação e melhor uso da tecnologia que ocorreu ao longo dos últimos anos no Brasil. "Demonstramos que houve redução de cerca de 30% nas emissões calculadas para uma mesma unidade de produção de carne", explica.
Durante a apresentação, o professor da ESALQ irá comentar os dados recentes de um encontro na Nova Zelândia avaliando as oportunidades que existem para selecionar ruminantes para menor produção de metano (algo aparentemente mais caro do que o possível benefício).  Ele mostrará que a seleção para melhora da conversão alimentar será provavelmente muito melhor do que a seleção para menor produção de metano em si.
Durante o simpósio, estão previstas ainda outras três palestras sobre Gases do Efeito Estufa:

08:45 - 09:15 h -  Dra. Magda Lima,da EMBRAPA Meio Ambiente, Jaguariúna -SP :
"Gases do Efeito Estufa - GEE - na Pecuária Bovina na visão do IPCC". 
10:30 -11:00 h - Dr. Bruno Alves (EMBRAPA Agrobiologia, Seropédica -RJ):
"Resultados disponíveis sobre emissão e balanço de GEE em pastagens brasileiras-Perspectivas de melhoria".
13:30-14:00h - Dr. João J. A. Demarchi / Dr. Alexandre Berndt (APTA/IZ- Nova Odessa -SP )
"Metano na pecuária brasileira. Resultados prévios e desafios".

O simpósio será realizado no Espaço Sustentabilidade, no interior do Parque Fernando Costa e será aberto ao público.

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