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19 DE AGOSTO DE 2008. POR LAURA PIMENTA

ExpoGenética: ANCP apresenta contribuição para o melhoramento das raças zebuínas

As palestras apresentadas na tarde de hoje (19/08) durante a 1ª ExpoGenética, realizada conjuntamente com a 7ª edição do Congresso Brasileiro das Raças Zebuínas, apresentaram as contribuições da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) para o melhoramento das raças zebuínas nos últimos 20 anos.
O pesquisador Dr. Raysildo Barbosa Lôbo, presidente da ANCP, iniciou sua apresentação contando um pouco da história da entidade desde sua criação, cujo objetivo era unir a pesquisa pecuária com a aplicação no campo. Raysildo relembrou que até a década de 70 eram poucos os dados disponíveis sobre zebuínos no Brasil, que tinha como única fonte a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), e salientou que hoje a realidade é diferente graças às diversas instituições que se dedicam a pesquisa, como a ANCP, que nas duas últimas décadas já contribuiu com 382 publicações científicas, sete publicações técnicas e cinco patentes.
Durante a palestra, foram apresentadas informações sobre os avanços dos programas de avaliação genética desenvolvidos pela ANCP com as raças nelore (Brasil), guzerá (Paraguai), brahman (México) e tabapuã (México), sendo que apenas o Programa Nelore Brasil nos últimos vinte anos foi responsável por 3.595.015 pesagens e 607.859 medidas de perímetro escrotal em zebuínos da raça.
O presidente da ANCP afirmou que além do crescimento quantitativo de dados houve também um crescimento qualitativo, expresso principalmente pelo Mérito Genético Total (MGT), que fez o progresso genético caminhar juntamente com o progresso econômico que o melhoramento propicia ao criador. "Temos que buscar um nelore cada vez mais funcional. Precisamos diminuir ponderações de peso. No programa da ANCP, agora em 2008, nós estamos começando a inserir, por exemplo, a Diferença Esperada de Progênie (DEP) de tamanho, isso é muito importante para a precocidade. Quem não participar de programas de melhoramento genético terá dificuldades de continuar na atividade," sintetizou Raysildo, lembrando que a raça nelore está cada vez mais ficando com uma base genética estreita, devido à intensa utilização de linhagens dos principais raçadores como Karvadi, Godhavari e Golias.


Trajetória de avaliação genética

Em seguida, foi a vez do professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dr. José Aurélio Bergman apresentar a palestra "ANCP: uma trajetória de avaliação genética no Brasil", onde pontuou as melhorias genéticas alcançadas pelos zebuínos nos últimos vinte anos. Bergmann esclareceu que a trajetória do melhoramento no Brasil pode ser dividida em quatro períodos: o da colonização taurina, em seguida a invasão do zebu, a fase do conhecimento puro e a que vivemos atualmente, ou seja, a fase da aplicação do conhecimento científico (iniciada na década de 80).
Um grande aliado nessa trajetória foi o avanço computacional, utilizado juntamente com a metodologia dos modelos mistos, que passou a ser utilizado em 1994 e propiciou avaliações genéticas nos moldes que estas vêm sendo feitas atualmente. O professor ressaltou as contribuições da ANCP nesta trajetória desde 1988 quando a entidade foi criada, até os dias de hoje, quando a associação começa a intensificar seus estudos em características, como, por exemplo, a avaliação de reatividade animal.
Em seguida, Bergmann falou sobre as cinco características mais importantes na evolução da raça nelore: desenvolvimento ponderal, reprodução, habilidade materna, temperamento e ainda musculosidade, acabamento e qualidade, apresentando as curvas genéticas dessas características.
Nos gráficos mostrados durante a apresentação, os participantes puderam conferir que a partir do início da utilização de programas de melhoramento genético as características associadas ao desenvolvimento ponderal deram um salto de crescimento. O mesmo aconteceu com as características associadas à habilidade materna e precocidade sexual, essas, porém, em menor quantidade. "O grupo de características que mais evoluiu nos últimos 28 anos, ou seja, em sete gerações, foi o grupo das características ponderais. Já na característica de acabamento houve uma involução, andamos para trás", ressaltou. (gráfico ao lado)
Concluindo a apresentação, Bergmann afirmou que os pecuaristas e melhoristas precisam buscar a chamada "vaca ética", ou mesmo, ir além e buscar o que ele intitula de "vaca nirvana". Esse vaca é aquela: criada, recriada e reproduzindo a campo; em reprodução natural (excluídas as TE e FIV); com idade ao primeiro parto máxima de 36 meses; com intervalos de partos máximo de 15 meses; idade entre 2 e 15 anos; que nunca falharam, isto é, que sempre desmamaram seus produtos; com, pelo menos, três filhos controlados; cujos produtos apresentaram índice de peso acima da média do grupo contemporâneo. A "vaca nirvana" tem ainda puberdade um a dois meses antes de sua primeira estação de monta; ciclos regulares e capacidade de conceber no primeiro serviço; primeira concepção na era de ano; não apresenta perdas embrionárias e nem abortos; idade ao primeiro parto inferior a 26 meses; facilidade de partos, com crias ativas; capacidade de limpar e ajudar sua cria a se levantar após o parto; tetas de tamanho médio, bem postadas e "fáceis de pegar" e que ofereça para amamentar a cria logo após o parto.

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