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08 DE FEVEREIRO DE 2008. POR RENATA THOMAZINI

ABCZ critica protecionismo europeu

O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), José Olavo Borges Mendes, indignou-se com o embargo sofrido pela carne bovina brasileira (in natura) junto à União Européia. De acordo com José Olavo, a qualidade do produto brasileiro não está realmente sendo levada em conta. "É uma questão muito mais relacionada a mercado do que sanitária. Os produtores brasileiros trabalham com muita seriedade e investem na qualidade e na sanidade de seus animais", ressalta. Para o presidente da ABCZ, a desinformação é um outro problema sério no Brasil e precisa ser combatida. "Tornamos nossos argumentos fracos quando não temos dados concretos como no caso do número de propriedades aptas a exportar para a União Européia", afirma, ao lembrar o fato de o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ter lançado números superiores a 2600 propriedades aptas à exportação e, depois, retroceder informando números abaixo de 700 fazendas. 

A campanha protecionista contra a carne bovina brasileira começou na Europa no final de 2007, quando produtores e políticos irlandeses deram início a uma série de boatos depreciativos quanto ao produto. Acirrados concorrentes, queriam "abocanhar" uma fatia do mercado pecuário que hoje é dominado pelo Brasil. A missão da UE que veio ao País encontrou, no final do ano passado, uma série de questões relacionadas ao sistema de rastreabilidade brasileiro que ainda não agradaram aos interesses daquela comunidade, o que culminou no embargo deste ano. "Não é tão simples rastrear milhões de animais em um País que é um verdadeiro continente!", destacou José Olavo.

Segundo o presidente da ABCZ, o preço pago ao produtor pela arroba do boi teria tendência a aumentar no início de 2008, uma vez que a oferta de animais aos frigoríficos estava em baixa. "Com uma oferta menor, os preços aumentariam. Mas, com esse embargo da União Européia, sentiremos uma ligeira queda do preço da arroba devido à diminuição nas exportações. Contudo, acredito que haverá uma estabilização nos preços justamente por causa da baixa oferta de boi gordo, que já estava sendo sentida pelo mercado interno", explicou.

José Olavo confia no restabelecimento da normalidade e em uma recuperação de preços em curto prazo. Para o presidente da ABCZ, os interesses comerciais que o Governo brasileiro e a comunidade européia debatem não podem prejudicar quem realmente é responsável pelo sucesso da balança comercial brasileira: o produtor. "Temos convicção de que atenderemos às exigências do mercado europeu. O setor pecuário, principalmente o produtor, está se esforçando para que o sistema de rastreabilidade funcione como exige o mercado internacional. Mas é preciso que o Governo fique atento a esse esforço e o auxilie com eficiência, da melhor maneira, para que o produtor se sinta realmente valorizado", finaliza.

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