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08 DE NOVEMBRO DE 2006. POR LAURA PIMENTA

Padronização é a meta estabelecida pelos frigoríficos

O painel ?A visão dos frigoríficos sobre os tipos de carcaça? do II Seminário de Revisão de Critérios Técnicos de Seleção das Raças Zebuínas, realizado ontem (07/11) pela ABCZ, trouxe à tona um debate essencial para a perfeita estruturação da Cadeia Produtiva da Carne no Brasil. Durante o encontro foram apresentadas as atuais exigências feitas pelos frigoríficos aos produtores de bovinos de corte, deixando claro que o melhoramento genético é fator crucial para o atendimento de parâmetros exigidos, como o peso da carcaça e o acabamento de gordura. O Diretor Executivo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Fábio Dias, falou sobre o impacto do aumento de peso e acabamento da carcaça sobre os custos de processamento e valor comercial da carne bovina. Em sua apresentação, Fábio afirmou que os frigoríficos exigem atualmente, no mínimo, um animal que pese 15 arrobas e tenha um acabamento superior a 3 mm de gordura. ?A tendência é que o aspecto acabamento de gordura seja cada vez mais valorizado pela indústria?, ressaltou Dias. O zootecnista disse que os animais mais pesados, em torno de 20 arrobas, são os que dão mais lucro para a indústria, porém um animal intermediário com aproximadamente 17 arrobas, é o animal ideal para que o pecuarista consiga administrar o seu negócio e dar lucro a indústria. O palestrante salientou que uma boiada mais pesada é sempre melhor comercializada e o grande desafio dos pecuaristas brasileiros é melhorar o acabamento das carcaças, concluindo que bom peso e padronização sempre serão premiados pelas indústrias frigoríficas. O painel teve continuidade com a apresentação do zootecnista responsável pela área comercial de Mercado Externo do Frigorífico Bertin, Carlos Eduardo Rocha. Durante a palestra, Rocha falou sobre os motivos que levam a indústria a exigir determinados padrões para os animais que vão para o abate. ?O frigorífico dita regra para os produtores. Mas na verdade é o consumidor que dita a regra para toda a cadeia produtiva. Por isso é tão importante entender o que o consumidor final do nosso produto está esperando?, afirmou. A importância do jurado de exposições na composição dessa cadeia produtiva também foi lembrada, demonstrando que o trabalho de quem julga os animais nas pistas de julgamento é importante para o processo de geração de genética para o restante da pirâmide de produção. Rocha apresentou ainda as principais dificuldades da indústria, entre elas a falta de padronização dos lotes que vão para abate e em sua conclusão, reafirmou a colocação do diretor executivo da Assocon, ao afirmar que ?o peso da carcaça e o acabamento refletem o que o consumidor deseja?. O gerente de produto do Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN) da Associação de Criadores de Nelore do Brasil, Eládio Curado Vellasco Filho mostrou em sua apresentação a distância existente entre a seleção zebuína, a produção e mercado. Segundo ele, o produtor continua insistindo em produzir peso, ao invés de tentar produzir a chamada composição de peso, que refere-se as diferenças existentes entre um boi gordo e um boi pesado. ?Este tipo de produção dificulta o trabalho da indústria que necessita de matéria prima padronizada, principalmente para otimizar a mão-de-obra, instalações e energia?, disse. O gerente concluiu em sua palestra que a seleção deve levar em consideração aspectos como a composição de peso, caracterização de carcaça, peso de abate, rendimento e acabamento, para que tanto o produtor, como o frigorífico e o consumidor sejam beneficiados.

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