Português
21 DE AGOSTO DE 2006. POR ASSESSORIA DE IMPRENSA ABCZ

AFTOSA: não criticar, mas construir soluções.*

Nelson Pineda**

A seqüência de eventos sobre crises de focos de febre aftosa no Brasil tem mudado a percepção do mercado internacional sobre o aspecto sanitário da carne brasileira. Hoje, os cenários econômicos, as preferências dos consumidores e a percepção de qualidade sanitária são conceitos interativos que precisam ser encarados de forma global e tudo o que aparece na nossa impresa é rapidamente divulgado pelos nossos concorrentes, sobre tudo tratando-se de declaração do nosso Ministro de Agricultura Dr. Luis Carlos Guedes Pinto. Assumir um posicionamento oficial afirmando que a principal causa do aparecimento dos focos de aftosa é a falta de vacinação por parte dos pecuaristas, é denegrir a imagem da nossa pecuária e do país, além de ser uma argumentação extremamente frágil por parte do Ministro Guedes Pinto. Argumento, aliás, erodido em questão de segundos quando se analisa o esquálido orçamento que não permite pensar em um sistema de defesa sanitária com capacidade efetiva e inteligência para monitorar problemas, identificar agressores e enfrentar situações emergenciais. Além disso, não existem até hoje nem motivação, nem sinais de mudança de mentalidade para a abordagem correta de antecipação e prevenção de riscos ante a eclosão de crises sanitárias, com a agravante de que a situação de descontrole no trânsito animal nas nossas fronteiras continua, como recentemente noticiado pela imprensa, com um total descaso por parte das autoridades competentes. Antes de responsabilizar quem quer que seja, deveríamos ter a disposição de iniciar uma abordagem global e integrada dentro da cadeia produtiva da carne bovina, que conduza a uma política de defesa animal mais coerente, eficaz e dinâmica a fim de provocar uma mudança capaz de sanar as atuais e múltiplas lacunas dos serviços de defesa animal, limitado pelos seus atuais procedimentos setoriais e rígidos, que têm restringido a capacidade de responder com rapidez e flexibilidade aos riscos do rebanho brasileiro. É necessário normatizar os controles e ter como base pareceres científicos reconhecidos internacionalmente, basear-se no princípio da precaução e criar condições de tomar medidas rápidas e eficazes de salvaguarda em resposta a emergências sanitárias. Estas ações, assim como criar canais de comunicações e de coordenação junto aos ambientes organizacionais e tecnológicos, são de responsabilidade do ambiente institucional. Torna-se indispensável um conjunto de medidas destinadas a melhorar e modernizar os serviços de defesa animal antes de responsabilizar os pecuaristas de forma simplista. O momento deve ser de reflexão e não de justificativas banais. É preciso antecipar as tendências e acompanhar a dinâmica nas principais vertentes de inovação, quando se pretende garantir dentro dos órgãos competentes a capacidade de incorporar, de forma contínua e sustentada, avanços simultâneos na visão da gestão de riscos e da segurança alimentar. Para que isso ocorra a velocidades comparáveis ou superiores à velocidade de avanço tecnológico dos nossos competidores, precisaremos definir, de forma rápida, uma estratégia para lidar com incertezas que surgem quando aparece um foco de febre aftosa. As medidas e os métodos que definem as novas diretrizes a ser adotadas são claros com referência à necessidade de construir alianças e parcerias com a iniciativa privada. Este foi o caminho do sucesso trilhado pelo FUNDEPEC no Estado de São Paulo: não criticar, mas construir soluções. * Resposta aa declarações do Ministro da Agricultura Dr. Luis Carlos Guedes Pinto, publicada no dia 18/8/2006 no jornal Estado de São Paulo pagina B13 **Diretor Técnico da ABCZ

A ABCZ utiliza somente os cookies necessários para garantir o funcionamento do nosso site e otimizar a sua experiência durante a navegação.

Para mais informações, acesse a nossa Politica de Cookies

Aceitar