A Faculdade de Agronomia e Zootecnia de Uberaba (FAZU) finaliza experimento que aponta benefícios de sombra e mineralização na pecuária de corte.

Pesquisa inédita realizada pela FAZU em parceria com a Tortuga, mostrou que o desempenho em ganho de peso de bovinos de corte aumenta com a oferta de sombra e de suplementação mineral na forma orgânica. A metodologia do experimento consistiu em fornecer sombreamento artificial para um lote de animais a pasto, deixando o outro exposto ao sol. A outra variável analisada foi o fornecimento de minerais na forma orgânica apenas para um lote, ficando o outro com suplementação mineral iônica. O sombreamento foi fornecido por meio da construção de sombrites de 3,4 metros de altura e entre 2 m2 a 3m2/sombra/animal. A suplementação mineral orgânica foi adotada a partir de fontes denominadas de complexo metal-polissacarídeo, no caso carboquelato de cromo na dose de 40 mg/kg de produto, fornecido à vontade por meio de cochos de minerais. O experimento foi iniciado em 19 de fevereiro de 2004 e encerrado em 20 de janeiro de 2005 na fazenda-escola da Fazu sob coordenação do professor Alexandre Bizinoto, que obteve o título de mestre em zootecnia com a condução do trabalho. Um dos resultados refere-se ao período de maio a novembro, que coincide com a época da seca, quando os ganhos de peso foram menores. Os resultados encontrados de maio a novembro demonstraram que os ganhos de peso dos animais da raça nelore que tiveram acesso à sombra foram de 0,440 kg/dia contra 0,313 kg/dia dos não sombreados, entre os grupos suplementados com cromo na forma orgânica. Já entre os que receberam sombra a superioridade também foi manifestada pelos bovinos suplementados com cromo na forma orgânica. O ganho de peso desse grupo foi de 0,440 kg/dia contra 0,247 kg/dia dos animais que não receberam cromo orgânico. Ao longo de todo o experimento (fevereiro de 2004 a janeiro de 2005), o ganho de peso também foi maior para o lote de animais com acesso à sombra e à suplementação mineral orgânica. O lote de animais que recebeu sombreamento e suplementação mineral orgânica apresentou ganho de peso de 0,653 kg/dia, superior em 26,6% ao ganho de peso do lote testemunha que não recebeu sombra nem suplementação mineral orgânica. Outra avaliação de grande interesse zootécnico e econômico diz respeito ao consumo de suplementos minerais. O experimento mostrou que o lote T4 consumiu 12,4% menos suplemento mineral do que o lote T3 (150,37 g/dia x 169,06 g/dia para os lotes T4 e T3, respectivamente). O maior consumo de suplementos minerais por parte dos animais expostos ao sol pode ser explicado pela maior exigência em minerais de animais estressados, conforme mostram os dados publicados pelo National Research Council ? NRC, 1997, que estabelece as exigências nutricionais de bovinos de corte. Sabe-se que o estresse térmico é um forte condicionante da produção animal e quando a temperatura ambiente está acima da faixa de conforto são geradas alterações das funções basais dos animais. O bem-estar animal é atingido entre 10 e 32oC no caso de zebuínos e 13 e 18oC no caso de taurinos (Carvalho, 2002, Nããs, 1989). A ausência de sombra na produção de bovinos a pasto está associada a desconforto térmico, dificuldade de dissipação do calor excedente e aumento do calor endógeno. Nessas condições, as alterações fisiológicas negativas mais comuns incluem: ? Aumento da freqüência respiratória, ? Aumento da sudorese, ? Aumento do batimento cardíaco, ? Diminuição da ingestão de matéria seca, ? Diminuição da conversão alimentar, ? Eliminação via fezes, urina e suor de grande quantidade de minerais, ? Menor crescimento corporal e maior susceptibilidade a enfermidades. McDowell, 1975, confirma a redução na ingestão de matéria seca entre 20 e 30% pelo bovino sob estresse térmico, relacionando esse fato também à qualidade do alimento ofertado. Os efeitos negativos do estresse na produção animal incluem ainda aumento acentuado de açúcar no sangue e alteração do metabolismo dos minerais, com aumento da excreção de Cr, Zn, Cu, Mn, entre outros micro-minerais. A suplementação com minerais orgânicos permite melhor e mais rápida reposição das perdas de minerais ocorridas em função do estresse, o que ajuda o animal a restabelecer rapidamente suas funções basais. Além disso, a suplementação de cromo na forma orgânica potencializa a ação da insulina, interferindo de forma positiva no metabolismo da glicose, com benefícios zootécnicos significativos, como mostrou a pesquisa. Os resultados encontrados deixam claro que bovinos de corte mantidos a pasto, mesmo os de origem zebuína como os da raça nelore, necessitam de sombreamento e que quando a sombra está associada à suplementação mineral orgânica ocorre expressivo aumento do desempenho em ganho de peso. Fonte: Noticiário Tortuga, edição 444 (jan. fev. 2006) Marcos Sampaio Baruselli - Zootecnista da Tortuga / SP Assessoria de Imprensa Fazu gealves@fazu.br