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03 DE MARÇO DE 2006. POR ASSESSORIA DE IMPRENSA ABCZ

Mercado de leite: Os preços finalmente reagiram em fevereiro

Finalmente, boas notícias para os produtores. O preço do leite reagiu nas principais bacias leiteiras do país. Pouco, mas reagiu! Foram sete meses seguidos de queda, até afundar no pior preço da história, no pagamento feito em janeiro. Agora, em fevereiro, o preço médio do litro de leite, referente à produção de janeiro, subiu cerca de 1,4%. Foi pago R$0,427/ litro (preço bruto, com frete e impostos). Com exceção do Paraná, os cinco principais Estados produtores brasileiros apresentaram aumentos maiores que a média nacional. Em fevereiro o mercado ?spot? deu uma alavancada. Em média, os preços subiram 23,8% ou R$0,09/ litro. Quando isso acontece, ou seja, quando as indústrias aumentam a necessidade de adquirir leite entre elas (o chamado mercado ?spot?), é sinal de que os preços pagos aos produtores devem aumentar. Reflexo da queda da produção nacional de leite e/ ou aumento nas vendas. Em função da crise que o setor atravessa, a produção realmente tem diminuído nas últimas semanas. Para ajudar, a volta às aulas é um dos motivos para aquecer a demanda. Sem contar que, em ano de eleições, o governo tende a aumentar os gastos com programas assistencialistas. Aí, inclui-se maior distribuição de leite às crianças da rede pública de ensino e às famílias de baixa renda. Aumento no consumo e queda na produção significa aumento nos preços. Além do aumento no preço médio do leite pago ao produtor, em fevereiro, o atacado também reagiu. Em média, as cotações aumentaram 0,65%. O destaque é o leite longa vida, carro chefe no mercado de lácteos, cujo preço médio está em R$1,18/litro,10,27% maior comparado a janeiro. Considerando valores atualizados pelo IGP-DI, o atual preço está R$0,10/litro abaixo do registrado no mesmo período de 2005. O consumidor também pagou mais caro pelo longa vida este mês. Pagou 9% a mais. Em média, o produto foi encontrado nas prateleiras dos supermercados a R$1,37/litro. Não foi mais barato em função da margem do varejo em relação ao atacado, que está mais alta comparada ao ano passado. Em fevereiro de 2005, o varejo aplicava uma margem de 13,2%, neste mês foi de 16,3%. Já o mercado de queijos está favorável para o consumidor em relação a janeiro. Em função da época do ano, onde há queda no consumo, os preços recuaram. O queijo mussarela, por exemplo, está 11,5% mais barato nos supermercados. Em média, paga-se R$12,50/quilo. Mas quem pesquisa encontra preços ainda mais baixos. Para a indústria, preços dos queijos em baixa há meses, não é uma boa notícia. Muitas empresas informam que não conseguem cobrir o custo do produto mediante os atuais valores de venda. Se alguém sai perdendo, alguém também sai ganhando. Atualmente, a margem de venda do varejo sobre o atacado, para a mussarela, é de quase 70%. O quilo do produto é vendido pelos atacadistas em média, a R$7,37. Aí, pode surgir a dúvida: com essa diferença de preço tão grande, por que a indústria não aumenta o preço? Pois é. Não é bem assim. Os supermercados são mais organizados, o que lhes dá um maior poder de barganha. Às vezes, acontece até do preço de um determinado produto lácteo estar mais barato nas prateleiras em relação ao atacado. Quem perde com isso são as indústrias, pois mesmo os preços de tabela sendo superiores, as negociações acabam levando-os para baixo. É o que acontece hoje com o mussarela. Há lugares que, em função de promoções, o consumidor consegue pagar até R$5,90/quilo. Uma diferença enorme em relação ao preço médio citado anteriormente. Assim, o supermercado pressiona a indústria. No próximo pagamento, a ser realizado em meados de março, o preço pago ao produtor vai subir se nada de extraordinário acontecer no mercado até lá. Cerca de 65% das empresas entrevistadas pela Scot Consultoria acreditam em reajustes, 32% em manutenção dos preços e apenas 4% acreditam em recuos. Desde março de 2005 não se via tanta convicção na alta. Para março, a expectativa do atacado é que, em geral, os preços dos lácteos também aumentem, pois depois do Carnaval as vendas tradicionalmente melhoram. Mesmo assim, o mercado está cauteloso, digerindo as conseqüências dos momentos difíceis que a pecuária viveu em 2005. E é assim que tem que ser. Empolgação demais é bom apenas temporariamente. Os resultados de 2005 servem de lição. Cristiane de Paula Turco médica veterinária Editora chefe do informativo A Nata do Leite Scot Consultoria

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