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09 DE NOVEMBRO DE 2005. POR LARISSA VIEIRA

Brasil terá de aumentar investimentos em qualidade para reconquistar mercado

A redução da oferta de animais para abate no mercado interno, em decorrência dos focos de febre aftosa, vai refletir no preço da carne a um prazo de pelo menos dois anos. A previsão foi feita hoje (09/11) pelo consultor da FNP Consultoria Victor Nehmi durante o 6º Congresso Brasileiro das Raças Zebuínas, que está acontecendo em Uberaba (MG). De acordo com o especialista, haverá ainda elevação dos custos de produção. Em 2004 e 2005, os gastos cresceram 25% enquanto o preço do boi caiu 20%. ?As tendências futuras do mercado serão: a procura por vacas maiores, intensificação de pastagens adubadas e confinamento com 100% de concentrados, migração da pecuária para as regiões Norte e Nordeste?, destacou Nehmi. Ele abriu o painel Mercado com a palestra ?Situação atual e perspectivas do mercado de gado de corte?. Já no caso do mercado de lácteos existe uma série de fatores que podem alavancar o crescimento do segmento. Dos seis países maiores produtores de leite, somente o Brasil e a Índia mantiveram crescimento de produção na última década. A produção brasileira foi de 7,2 bilhões de litros de leite em 1972. Em 2005, deverá estar próximo de 25 bilhões de litros. ?Temos custo de produção competitivo, em torno de 10 a 25 centavos de dólar. Já nos Estados Unidos e na Holanda, o litro custa de 26 a 35 centavos de dólar. A possibilidade de aumentar o consumo per capita brasileiro também pode ajudar?, explicou o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins. Segundo ele, 10% dos gastos do brasileiro com alimento referem-se a compra de leite e derivados. Durante a palestra ?Cenários econômicos e perspectivas para o mercado de leite?, Martins afirmou que os principais desafios são: suprir a carência de mão-de-obra especializada tanto em fazendas quanto em laticínios, assistência técnica, mais recursos para pesquisa. O painel Mercado foi encerrado com a palestra ?Oportunidades internacionais para a carne bovina?, ministrada pela especialista Márcia Dutra de Barcellos, que esteve os últimos sete meses na Holanda finalizando parte dos seus estudos de doutorado. Segundo ela, as notícias que circulam nos veículos de comunicação da Europa trazem informações negativas e inverídicas sobre a carne brasileira. Em um dos casos, é dado como certo focos de aftosa no Paraná, São Paulo, apesar dos órgãos de Defesa Sanitária do Brasil terem descartado a existência de focos nesses estados. ?Para que possa haver a reversão da imagem ?Brasil=carne bovina barata e de baixa qualidade? será preciso uma mobilização nacional. Identificar as diferenças entre os mercados consumidores, conseguindo atender suas demandas, garante maiores resultados. Saber, por exemplo, que apesar de ambos serem europeus, consumidores de carne bovina holandeses são bastante diferentes dos consumidores escoceses, pode trazer vantagens significativas para fornecedores internacionais. Peculiaridades regionais e nacionais fazem com que franceses e espanhóis valorizem produtos que possuem ?Denominação de Origem Controlada?, explicou a palestrante. Hoje, os participantes do 6º Congresso Brasileiro das Raças Zebuínas ainda assistirão três palestras que fazem parte do painel Certificação. As palestras são: Valorização da certificação sob a ótica do consumidor Palestrante: Kátia Leal Nogueira (SGS ­ São Paulo/SP) Rastreabilidade no Brasil: situação atual e futuro Palestrante: Naor Maia Luna (MAPA ­ Brasília/DF) Perspectivas da certificação e rastreabilidade conjuntas da carne bovina no Mercosul Palestrante: Javier Martínez Del Valle (Asociación de Productores Exportadores Argentinos) Análise crítica Nelson Pineda (ABCZ)

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