Os leilões de gado em Minas Gerais estão suspensos temporariamente em todo o Estado, e a próximia etapa de vacinação contra a febre aftosa, que se iniciará em novembro, vai incluir os bois mais novos, a fim de garantir a imunização de todo o rebanho. Estas medidas foram anunciadas nesta terça-feira (25), durante entrevista coletiva no auditório da Seapa, com a participação do secretário Silas Brasileiro e do diretor-geral do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Altino Rodrigues Neto. A suspensão dos leilões foi determinada por meio da Portaria nº 733, assinada também nesta terça-feira pelo diretor-geral do IMA com o objetivo de manter sob proteção o rebanho mineiro, que é constituído de 21,5 milhões de cabeças. Conforme explicou o secretário Silas Brasileiro, esta portaria soma-se a duas já publicadas, uma para controlar a entrada em Minas de produtos do Mato Grosso do Sul e outra para controlar a entrada de produtos provenientes do Paraná. O secretário informa que o IMA reforçou o trabalho de proteção das barreiras sanitárias do Estado com a inclusão de 250 técnicos concursados. Com este suporte, estão funcionando unidades móveis que percorrem todas as fronteiras do Estado, com atenção redobrada principalmente sobre o Mato Grosso do Sul, para evitar a entrada de animais. ?Temos a convicção de que não seremos surpreendidos pela aftosa?, disse Silas Brasileiro ao informar que os animais provenientes de outros Estados e que já se encontravam em território mineiro foram rastreados pelo IMA e não apresentam problema. Silas Brasileiro enfatizou que é quase impossível os animais dos criatórios mineiros serem contaminados, mas ressalvou que o trabalho de sanidade animal no Estado vem sendo realizado com os recursos do governo mineiro. ?O Estado gasta R$ 21 milhões com a folha de pessoal do IMA e mais R$ 8 milhões com o custeio, e agora o governador autorizou um aporte suplementar de R$ 1,9 milhão para atender à situação emergencial?, explicou. No entanto, segundo o secretário, o governo federal não fez repasse para cobrir a sua parte neste programa de sanidade em Minas. Pelos cálculos da Seapa, dos R$ 178 milhões constantes do orçamento para a sanidade animal no país, até agora o governo federal liberou pouco mais de R$ 40 milhões. Modelo de prevenção De acordo com o diretor-geral do IMA, Altino Rodrigues Neto, embora exista uma atenção redobrada sobre o rebanho, a suspensão temporária dos leilões de gado é de grande importância preventiva. São realizados, mensalmente, cerca de 500 eventos dessa natureza no Estado. A conjugação dessa medida com a vacinação precoce garante a imunidade do gado em 15 dias. Os governos dos Estados de São Paulo, Espírito Santo e Bahia também decidiram suspender os leilões para evitar o risco de eventual comercialização de animais procedentes de zonas afetadas. Altino Neto considera que Minas Gerais conta com posição geográfica favorável, pois os Estados vizinhos também fazem boa defesa sanitária animal. Como exemplo, ele lembrou que no Paraná, em um lote de 1700 animais, foi identificada a aftosa em apenas três, enquanto no Mato Grosso do Sul, em um lote de 200 animais, adoeceram 140. Embora ressalve que não há provas da contaminação por meio de gado do Paraguai, o diretor-geral do IMA lembrou também que desde 1995 a fronteira do Mato Grosso do Sul com aquele país tem representado problema para a sanidade do gado no lado brasileiro. Vigilância e determinação Conforme explicou Altino Neto, devem-se formar barreiras rigorosas para impedir a entrada do vírus da aftosa, que pode estar presente até em cargas comuns. Por isso, os caminhões são desinfetados e lacrados na origem, entre outras providências. ?Com vigilância e determinação para impedir a entrada do problema, estamos garantindo para Minas a manutenção da vantagem da localização geográfica?, assinalou. O Estado é exportador de bovinos e praticamente não depende da aquisição de bois do Mato Grosso do Sul para abate, e quando isso ocorre são animais destinados ao abate no pontal do Triângulo Mineiro. Do Paraná vêm para Minas suínos livres de doenças com certificado do Ministério da Agricultura (e mesmo assim são rastreados) e poucos bovinos. Altino Neto disse também que Minas Gerais pode exportar para os 25 países da União Européia, que segundo ele reconhecem a situação do Estado, cujos riscos de contágio são bem menores do que naqueles mais próximos das regiões afetadas. Atualmente, Minas responde por 7% do total das exportações de bovinos do país, que estão na ordem de US$ 3 bilhões. Mas o Estado vende 280 mil bois por ano para São Paulo, que poderiam ser incorporados às exportações mineiras com a renda de US$ 200 milhões. Por isso, segundo o secretário Silas Brasileiro, o governo de Minas Gerais tem informado os compradores internacionais sobre todas as providências que vêm sendo adotadas para a proteção sanitária do gado no Estado. ?O objetivo é mostrar que eles podem confiar no produto, pois há mais de nove anos não se registra um foco de aftosa em Minas e dificilmente isso ocorrerá?. A Secretaria de Agricultura, com a coordenação do IMA, também está tomando providências para reforçar a proteção contra a entrada da gripe aviária no Estado. Segundo o secretário, a situação em Minas é também favorável neste caso, porque mais de 90% das granjas avícolas são fechadas, tornando-as mais protegidas contra as aves migratórias (gaivotas, patos selvagens, andorinhas e outras), que são os principais transportadores do vírus da influenza aviaria ou gripe do frango. As questões relacionadas à gripe do frango estão entre os temas do fórum de secretários estaduais que se realizará nesta quarta-feira (26), em Brasília, informou Silas Brasileiro. Três portarias para impedir a aftosa A primeira providência contra a entrada da aftosa em Minas é a Portaria nº 731, de 20 de outubro, que proíbe o trânsito e o ingresso de animais, produtos e subprodutos de origem animal originados do Mato Grosso do Sul, excluindo os seguintes produtos que estiverem mais de 25 quilômetros distantes do foco da doença: carnes bovinas desossadas, que foram submetidas antes da desossa a processo de maturação, carne de suíno ?in natura? proveniente de abatedouro inspecionado pelo Ministério da Agricultura e destinada diretamente a estabelecimento também coberto por inspeção federal, leite ?in natura? pasteurizado e produtos lácteos, provenientes de estabelecimento com inspeção federal, peles, couros em bruto procedentes de abatedouros não submetidos à inspeção veterinária, submetidos a salga durante o mínimo de 28 dias antes do embarque. Já pela Portaria nº 732, de 24 de outubro, fica permitido o trânsito de produtos e subprodutos de origem animal provenientes do Paraná apenas nos seguintes casos: carnes bovinas desossadas submetidas previamente a um processo de maturação, carne de suíno ?in natura? obtida em estabelecimento de abate inspecionado pelo SIF e destinada diretamente a estabelecimento inspecionado pelo mesmo Departamento para processamento, leite ?in natura? pasteurizado ou esterilizado e produtos lácteos, provenientes de estabelecimento com SIF, peles e couros em bruto procedentes de estabelecimentos de abate não submetidos à inspeção veterinária, submetidos à salga durante o mínimo de 28 dias antes do embarque, peles ou couros em qualquer fase de sua tecnologia de processamento industrial. Não está permitida a entrada de animais vivos. Há também a Portaria nº 733, de 25 de outubro de 2005, que previne a difusão da febre aftosa a partir da realização de eventos pecuários. Ela proíbe a realização de eventos pecuários (feiras, leilões, exposições e outros) em Minas Gerais no período de 30 de outubro a 20 de novembro deste ano, podendo esse prazo ser prorrogado a critério do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Fonte: Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento SEAPA - Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais Rua Cláudio Manoel, 1205 | Bairro Funcionários | Belo Horizonte | MG | CEP 30140-100 Tel. 31 3281-4996 www.agridata.mg.gov.br