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22 DE AGOSTO DE 2005. POR LARISSA VIEIRA

Congresso discute barreiras que afetam crescimento da pecuária

Biotecnologia, ambiência, mercado, certificação serão os pilares de uma ampla discussão que promete reunir toda a cadeia produtiva da carne e do leite. Sob a ótica ?Pecuária sem Barreiras?, é que esses quatro temas serão abordados por especialistas do setor durante o 6º Congresso Brasileiro das Raças Zebuínas, previsto para acontecer entre os dias 6 e 9 de novembro, em Uberaba (MG). O evento será realizado em um momento crucial para o agronegócio nacional. Apesar dos investimentos em tecnologia, a produção brasileira está sendo afetada pelas oscilações no câmbio, queda nos preços da arroba e do faturamento bruto, alta dos custos. Junte-se a isso, as pressões externas para o País adequar o seu sistema de certificação da carne às normas internacionais, o que passa necessariamente pela rastreabilidade bovina. E não é de hoje que os principais blocos econômicos fazem exigências em torno da sanidade animal. Um levantamento feito pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Ícone) revelou que 61% dos 20 maiores mercados importadores de carne ?in natura? estão fechados para o Brasil. Entre eles, estão Japão e Estados Unidos. Durante o congresso, três especialistas em mercado interno e externo vão discutir os possíveis caminhos a serem seguidos pelos brasileiros (leia-se parcerias, tendências, comportamento do setor), como superar as barreiras econômicas e pressões internacionais. ?O Mercosul corresponde a 45% da demanda mundial. Além de manter os compradores já existentes, como a União Européia, o Brasil pode focar suas ações em outros blocos econômicos para ampliar sua atuação. Enquadram-se nesse caso o Nafta, formado por México, Estados Unidos e Canadá, e o bloco asiático, em especial Japão e Coréia. Tudo isso vamos debater durante o evento?, explica o superintendente de Marketing da ABCZ, João Gilberto Bento. O congresso deve contar com a presença de especialistas de países que integram o Mercosul, como a Argentina. Seguindo essa linha de análise mercadológica, a certificação também estará em pauta. Algumas das questões levantadas serão: a certificação é algo relacionado apenas à Europa ou é uma tendência mundial?, como o Brasil poderá enquadrar os protocolos de certificação?, dificuldades na hora de fechar negócio com outros países. Na área de biotecnologia, o congresso trará à tona temas polêmicos, como a clonagem bovina. A técnica já é utilizada no Brasil, inclusive em escala comercial, porém falta legislação no que se refere ao registro genealógico dos clones. Os especialistas também vão abordar a tecnologia de marcadores moleculares. ?Várias biotecnologias já são utilizadas pelos criadores, mas queremos mostrar qual o impacto econômico dessas técnicas para a pecuária nacional?, declara o diretor técnico da ABCZ, Nelson Pineda. Já na área de ambiência, o diálogo será norteado pelas contribuições do bem-estar animal para a produção pecuária do Brasil. Uma pesquisa divulgada em junho deste ano pela Eurobarómetro (agência européia) mostrou que 74% dos europeus esperam contribuir para o bem-estar animal através das compras que fazem. O levantamento, feito em 25 países da União Européia, revelou ainda que 57% dos entrevistados estão dispostos a pagar mais por produtos oriundos de propriedades onde há uma preocupação com o bem-estar animal. Cada uma das quatro séries de debates será encerrada pelo colaborador do tema. O painel sobre Biotecnologia ficará a cargo do pesquisador da USP, Pietro Baruselli. O professor da USP, Marcos Fava Neves, vai encerrar o tema Mercado, e Matheus Paranhos, da Unesp de Jaboticabal, o painel Ambiência. Já Nelson Pineda terá a responsabilidade de encerrar as discussões sobre Certificação. Os relatórios críticos de cada um serão anexados aos anais do congresso. Os organizadores da sexta versão do Congresso Brasileiro das Raças Zebuínas apostam em um formato mais dinâmico onde os participantes terão várias opções para adquirir informações. Além das 12 palestras, haverá mini-cursos no período da tarde. O participante poderá optar por um dos eventos. A programação preliminar inclui: Inseminação artificial em tempo fixo, Pecuária de Precisão, Boas práticas de manejo, Noções em morfologia e julgamento de zebuínos, Manejo de Pastagens. ?A intenção é aumentar a qualidade de informações prestadas aos participantes e, ao mesmo tempo, permitir que o congressista aproveite todas as oportunidades tecnológicas que a região de Uberaba oferece. Quem preferir, poderá utilizar parte da programação destinada aos mini-cursos para visitar empresas do setor com sede na cidade e criatórios da região?, destaca o superintendente técnico da ABCZ, Luiz Antonio Josahkian. As novidades ou mudanças no calendário poderão ser acompanhadas pelo site da associação (www.abcz.org.br). A expectativa é de que mais de mil pessoas, entre pecuaristas, empresários, pesquisadores e estudantes, participem do congresso, que será realizado no Centro de Eventos Rômulo Kardec de Camargos. Como participar Quem estiver interessado em participar do 6º Congresso Brasileiro das Raças Zebuínas poderá obter informações com Goretti, pelo número (34) 3319-3920 ou pelo e-mail abczsst@abcz.org.br.

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