As exportações do agronegócio, em janeiro de 2005, atingiram novo recorde, com remessas que somaram US$ 2,582 bilhões. O resultado é 11,1% superior às exportações do setor em igual mês do ano passado, quando atingiram US$ 2,324 bilhões. Apesar de favorável, o resultado comprova a perda de fôlego do setor agropecuário, afirma o chefe do Departamento de Assuntos Internacionais e Comércio Exterior (Decex) da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Donizeti Beraldo. ?Enquanto que as exportações do agronegócio cresceram pouco mais de 11%, as exportações do conjunto da economia aumentaram 29,1% em janeiro, na comparação com janeiro de 2004. Isso demonstra que apesar do recorde, há perda do dinamismo do agronegócio?, diz Beraldo.
O faturamento das exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo), em janeiro, atingiu US$ 351,1 milhões, 15% a menos que os US$ 413 milhões de igual mês do ano passado. Essa queda foi causada pela redução dos preços médios, embora o segmento tenha ampliado a quantidade exportada. No mês passado, o Brasil enviou o equivalente a 1,56 milhão de toneladas de produtos do complexo soja ao Exterior, contra 1,46 milhão de toneladas, em janeiro de 2004. O preço médio de negociação, no entanto, foi de US$ 224,1 por tonelada, no mês passado, frente US$ 282,5 por tonelada, em janeiro de 2004. Embora o mês de janeiro concentre apenas cerca de 3% do total de exportações do complexo soja.
A queda do faturamento das exportações neste início foi causada pela redução dos preços médios das principais commodities, embora o Brasil tenha ampliado as quantidades remetidas ao Exterior, assim como ocorreu com soja, explica Beraldo. ?Isso comprova que o cenário não é positivo?, diz o chefe do Decex, lembrando que o cenário mundial de supersafra deprime preços médios. A produção mundial de soja, este ano, é estimada em 230 milhões de toneladas, contra 190 milhões de toneladas, em 2004. Somente a colheita norte-americana deve atingir 85 milhões de toneladas, contra 66 milhões de toneladas, no ano agrícola passado. O consumo global, entretanto, deve atingir 180 milhões de toneladas no ano, frente 165 milhões de toneladas, no ano passado. Ou seja, ao mesmo tempo em que há um acréscimo de 40 milhões de toneladas na oferta de soja, o consumo cresce apenas 15 milhões de toneladas.
?Os estoques mundiais crescem, e isso reduz preços?, diz Beraldo. A possibilidade de recuperação de preços depende agora de fatores climáticos em outro importante pólo produtor: o Mercosul. ?A seca no Sul do Brasil já provocou recuperação dos preços da soja na bolsa de Chicago?, explica o chefe do Decex.
Se o cenário ainda é incerto no segmento de grãos, há perspectivas positivas para as carnes, cujas exportações somaram US$ 476,3 milhões em janeiro, 33,4% a mais que os US$ 357,1 milhões de igual período de 2004. No mês passado, o Brasil enviou ao Exterior 332,7 mil toneladas de produtos do complexo carnes (entre carne bovina, suína, de aves e outras), frente 267,3 toneladas, em janeiro do ano passado. O preço médio em vigor em janeiro passado foi de US$ 1.431,60 por tonelada, contra US$ 1.336,00 por tonelada, em igual mês de 2004. ?Para o setor de carnes, a conjuntura é extremamente favorável, especialmente se ocorrer a reabertura do mercado russo para a carne bovina brasileira?, diz Beraldo.
Para todo o ano de 2005, há expectativa de que o Brasil repita o desempenho de 2004 na balança comercial do agronegócio, obtendo saldo de aproximadamente US$ 30 bilhões. No ano passado, as exportações do setor atingiram US$ 39,015 bilhões e as exportações, US$ 4,880 bilhões, gerando saldo de US$ 34,134 bilhões.
Fonte: CNA